Sidrolandia
Lixo eletrônico requer sistema de coleta e reciclagem específico
O plano estabelece que todos os fabricantes e consumidores devem ter responsabilidade em relação ao descarte do lixo
Agência Brasil
26 de Agosto de 2010 - 13:28
A Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet - seção Rio de Janeiro (Assespro-RJ) está preocupada com o lixo eletrônico gerado principalmente pelos equipamentos de informática, como os computadores.
A entidade se mobiliza para dar uma destinação correta a esse tipo de lixo, de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 2.
O plano estabelece que todos os fabricantes e consumidores devem ter responsabilidade em relação ao descarte do lixo.
Um encontro promovido pela Assespro, hoje (26) no Rio, discutirá o destino que deve ser dado às máquinas que ficam obsoletas diante do processo de desenvolvimento contínuo do setor de tecnologia da informação.
O diretor da organização não governamental (ONG) PC Vida, Abner Feital, falará sobre a redução dos impactos causados ao meio ambiente pelos resíduos dos equipamentos eletroeletrônicos.
A idéia é estabelecer um destino politicamente correto para esse tipo de lixo.
O vice-presidente executivo da Assespro-RJ, Alvaro Cysneiros, disse que o Brasil é o campeão entre os países emergentes na produção desse lixo eletrônico.
Somos os campeões dos emergentes, com certeza, e um dos maiores do mundo, se colocarmos os países desenvolvidos também.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), são 96,8 mil toneladas de computadores que vão para o lixo anualmente no Brasil.
Eles são despejados em lixões e provocam derramamento de metais pesados, resultando em lixo tóxico, prejudicial à saúde.
Cysneiros afirmou que a associação quer implementar nos municípios fluminenses um processo de destinação ambiental correta de todo o lixo eletrônico, desde a coleta até a fase de reciclagem.
O processo começa com locais de recepção desse material. Ele alertou, contudo, que as pessoas e empresas não podem jogar o lixo eletrônico nos mesmos locais onde são despejados os resíduos orgânicos.
Para garantir um destino correto a esse lixo especial, o vice-presidente da associação ressaltou a necessidade de haver postos de coleta espalhados pelas cidades ou um serviço de coleta específico.
A proposta prevê a instalação de galpões, onde cooperativas treinadas se incumbiriam de proceder à desmontagem e ao reaproveitamento eventual de máquinas. Computadores reciclados podem ser destinados para uso público, acrescentou.
O trabalho de separação deve obedecer aos vários tipos de material usados nesses equipamentos, explicou Cysneiros.
Vidro, cobre e plástico são alguns subderivados dos equipamentos que podem gerar renda por meio da reciclagem. As cooperativas devem ser cadastradas e homologadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Assim, você garante que tudo foi desmontado e separado e teve a destinação ambiental correta. Desde que você tenha cooperativas preparadas para isso, gerando renda e fazendo o processo fluir.
Ainda não existe no Brasil uma indústria de reciclagem do lixo eletrônico. O que há são algumas iniciativas municipais.
Uma delas, da ONG PC Vida, de Itaipava, em Petrópolis, região serrana do Rio, coleta e dá destinação ao material eletroeletrônico descartado. A organização apóia a Assespro-RJ nesse projeto.
Eles já fazem essa destinação correta no município de Petrópolis e a gente está querendo pegar essa iniciativa para multiplicar pelo resto do estado, disse Cysneiros.
Ele lembrou que a Lei 12.305, que trata dos resíduos sólidos, exige dos fabricantes uma responsabilidade solidária. Isso significa que eles têm que garantir uma destinação correta para os equipamentos.
O problema do lixo eletrônico é que no Brasil a maioria dos computadores é formada por máquinas montadas. Você tem o gabinete de um fabricante, a placa-mãe de outro. O mesmo ocorre em relação às placas de vídeo, por exemplo.
Então, você não consegue responsabilizar um único fabricante por aquele computador.
A melhor solução, na avaliação de Cysneiros, é ter um método de coleta em que, na ponta, cooperativas de catadores se encarreguem de dar uma destinação correta aos sub-resíduos desses equipamentos.