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Sidrolandia

Marina defende autonomia informal do BC

As turbulências, argumentou a candidata, também mostraram que o sistema financeiro nacional está sólido e em ordem.

Valor Online

03 de Agosto de 2010 - 15:12

Institucionalizar a autonomia do Banco Central (BC) e conceder mandatos para o presidente da autoridade monetária não serão estratégias positivas para o desenvolvimento do Brasil.

A avaliação foi feita pela candidata do PV ao Palácio do Planalto, Marina Silva, que participou de um encontro com executivos da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), que reúne sete associações do mercado financeiro.

Para Marina, o modelo atual, que preserva uma autonomia informal, já funciona de forma adequada. "O BC deve ter autonomia operacional sem que tenhamos que institucionalizar uma autonomia", disse.

A candidata ressaltou que a institucionalização do Banco Central na Argentina não foi uma experiência bem-sucedida. Na sua opinião, governo e BC precisam trabalhar em conjunto de forma harmônica.

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, também defende em seus discursos uma maior integração entre a equipe econômica. O tucano, inclusive, já chegou a declarar que a autoridade monetária não é a Santa Sé.

No discurso para os executivos, Marina destacou os bons fundamentos da economia brasileira e novamente elogiou a política baseada no tripé de regime de metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante.

"O Brasil atingiu um maduro consenso com base num sistema estável", observou. Segundo ela, junto com a política econômica e o mercado interno robusto, a redução de juros e as isenções de impostos para alguns setores foram medidas determinantes para o país ser um dos últimos a entrar na crise financeira mundial e um dos primeiros a sair dela.

As turbulências, argumentou a candidata, também mostraram que o sistema financeiro nacional está sólido e em ordem. Apesar da avaliação positiva, Marina afirmou que é preciso tornar os gastos públicos mais eficientes, aperfeiçoar o ambiente de negócios no país e ampliar a oferta de crédito, que está "aquém do nível necessário".

Ela ainda comentou a iniciativa do Brasil de oferecer asilo para a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por adultério. A candidata entendeu que a proposta foi uma alternativa encontrada para compensar o desgaste provocado na comunidade internacional por causa da aproximação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu colega do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

"Essa oferta de asilo talvez seja uma tentativa de reposicionar a atitude do Brasil frente à necessária afirmação de defesa dos direitos humanos como um valor inegociável para nós, independente dos nossos interesses econômicos, sociais, ideológicos e políticos".

A senadora rejeitou a ideia de que a oferta seja uma interferência em assuntos internos de Teerã. "Quando você oferece uma possibilidade, não está interferindo. Obviamente, que o Brasil não tem como ir lá e resgatar a pessoa. Aí seria uma interferência. Mas ser aberto para receber. É isso que as democracias fazem quando os direitos humanos estão sendo aviltados", disse.