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Sidrolandia

Ministério mostra que 56% dos assentados de Sidrolândia vivem em “extrema pobreza

Das 4.030 famílias que até dezembro recebiam o bolsa família, 1.061 (26%) são assentados, se somando 1.037 acampados e 629 indígenas.

Flávio Paes/Região News

07 de Janeiro de 2018 - 20:01

Relatório do Ministério do Desenvolvimento Social, que traça um perfil de segurança alimentar e nutricional dos beneficiários do bolsa família, mostra que 56% das famílias dos assentamentos de Sidrolândia vive em situação de extrema miséria, famílias que sobrevivem com R$ 85,00 mensais por pessoa ou até R$ 170,00, aquelas com crianças e adolescentes de 0 a 17 anos na sua composição.

Um cenário contraditório considerando que 73.415,25 hectares, o equivalente a 37% da área plantada de soja nesta safra por médios e grandes produtores, estão sob controle de assentados contemplados pela reforma agrária.

De 4.079 famílias assentadas, 2.286  tem o perfil para serem atendidas pelos programas de transferência de renda, aposentadorias e benefícios como LOAS, para complementar o orçamento doméstico. Das 4.030 famílias que até dezembro recebiam o bolsa família (até o pente fino da CGU que bloqueou o cancelou aproximadamente 1 mil benefícios por indícios de fraude), 1.061 (26%) são assentados. Dos 1.037 acampados,, 224 famílias são atendidas  e de 629 famílias indígenas, 481 estão no programa. Ou seja, estes segmentos respondem por 1.914 dos benefícios concedidos (48% do total).

Ministério mostra que 56% dos assentados de Sidrolândia vivem em “extrema pobrezaA presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Rosa Marques, admite que além da falta de políticas públicas para tornar os lotes produtivos, houve falhas no processo de seleção dos beneficiados pela reforma agrária. “Há muita gente que não tem perfil para atividade no campo e com isto, não consegue transformar sua parcela produtiva”. "Falta também uma cultura de organização em cooperativa", admite.

Para o assentado Claudio Moreira, do Assentamento Eldorado, quem veio para o campo na expectativa de que as coisas seriam fáceis, se frustrou. “Acredito que pelo menos 40% já desistiu, passou o lote adiante. Muita gente ficou, mas não produz, depende da aposentadoria para sobreviver”.

Ministério mostra que 56% dos assentados de Sidrolândia vivem em “extrema pobrezaClaudio, que passou dois anos acampado, reconhece não ter conseguido produção suficiente para sobreviver do seu lote. “Produzo pouca coisa, praticamente para consumo próprio”. Por isto, desde o princípio alugou uma área e montou uma borracharia às margens da MS-258, um ponto de entroncamento com a estrada da gameleira.

A baixa produção dos lotes se revela, por exemplo, no fato de que só 92 assentados (num universo de 3.624 famílias) são fornecedores do Programa de Aquisição de Alimentos, projeto executado pela CONAB, que adquire a produção de pequenos produtores.

A possibilidade de escrituração das áreas, prometida pelo Incra depois da aprovação de uma lei federal, é vista com reserva pela presidente do Sindicato, assentada no São Pedro. “Não vai sair de graça. A estimativa é de que vamos ter que pagar quase R$ 30 mil pela terra, em parcelas anuais de pouco mais de R$ 3 mil”. Ela é contra e diz que os movimentos sociais vão pressionar o Governo Federal a isentar a cobrança. “Eles dão anistia para os grandes produtores e querem penalizar quem não tem nada”, avalia.

*Matéria atualizada para acréscimo de informações.