Sidrolandia
Morte ecologicamente correta
Mesmo após a morte, as pessoas podem demonstrar uma postura ecológica.
Redação de noticia
17 de Maio de 2010 - 08:43
Os enterros naturais - aqueles que eliminam na medida do possível a utilização de caixões e produtos químicos nas técnicas de embalsamamento estão ficando famosos no mundo, em especial nos Estados Unidos, e demonstram que morrer não é mais pretexto para poluir.
Segundo a empresa Green Burial Council, dedicada à promoção de enterros ecológicos, nos sepultamentos praticados nos EUA tradicionalmente são empregados a cada ano 82 mil toneladas de aço, 2,5 mil toneladas de bronze e cobre e 1,4 milhões de toneladas de cimento para manter os túmulos.
Outros dos problemas ambientais causados pelos enterros são os líquidos desprendidos pelos corpos. Os processos de embalsamamento supõem resíduos de até 3,1 milhões de litros de fluídos baseados em um componente que a Agência para a Proteção do Meio Ambiente dos EUA qualifica como 'provável agente cancerígeno'. Este líquido pode acabar se infiltrando nos lençóis freáticos, e além disso, oferecem riscos para os trabalhadores dos cemitérios, afirma a Green Burial Council.
Nos cadáveres, também se encontram em muitos casos obturações dentais de amálgama metálica, que são extremamente poluentes para o meio ambiente porque contêm mercúrio e, em determinados casos, marca passos, que levam acopladas pilhas elaboradas com elementos também muito prejudiciais para o meio ambiente. Outros serviços funerários como a tanatoestética - a arte de maquiar os mortos - utilizam pequenas porções de formol, um produto altamente tóxico.
Na construção de um caixão convencional de madeira maciça, é preciso uma árvore, enquanto com o papelão seria possível fabricar 100 caixões com o mesmo impacto ambiental. Na Europa, um milhão de árvores são cortadas anualmente para fabricar ataúdes convencionais, embora a madeira mais prezada para este fim seja o mogno, que demora 50 anos para crescer.
Opção natural
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A alternativa mais ecológica de enterro é voltar à terra de forma mais natural, sem caixão nem embalsamamento, uma opção que, por enquanto, nos EUA só é possível em alguns poucos cemitérios. Um enterro 'verde' também pode ser muito mais econômico para as finanças das pessoas próximas dos falecidos.
Enquanto em um funeral tradicional só o caixão de madeira pode custar US$ 8 mil, os enterros ecológicos custam entre US$ 300 e US$ 4 mil, dependendo do preço do solo do túmulo. Mas para aqueles aos que acham que ser enterrado sem caixão é algo muito extremo, uma boa opção são os caixões biodegradáveis.
As cremações, realizadas tradicionalmente em grande parte da Ásia e que entraram no mercado ocidental com muita reticência são, a cada dia, mais solicitadas. Mas as emissões de gases das incineradoras, principalmente pelos elementos tóxicos usados na fabricação dos caixões, também prejudicam o meio-ambiente.
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A solução que algumas empresas oferecem, como a espanhola 'Limbo', é manter o caixão tradicional de madeira, mas com uma cápsula biodegradável em seu interior, que é a que se introduz no forno crematório. Esta cápsula é elaborada com derivados da madeira ou aglomerados e com fechaduras da própria madeira.
Para Jordi Requena, responsável da empresa 'Limbo', 'quando há um casamento se aluga um carro lindo, mas não se compra. O mesmo pode ser feito com o caixão, desta forma estaríamos evitando a contaminação e o desmatamento'.
A Limbo também comercializa urnas biodegradáveis para as cinzas, que não utilizam resinas e são elaboradas com sal e gelatina - que se desfazem na água - e terra. São novos modelos de urnas totalmente inofensivas para o meio ambiente, e ideais para famílias que optarem por jogar as cinzas do falecido no mar.
Para outros usos, a Limbo criou modelos específicos, entre eles urnas feitas com areia de praia ou fabricadas com terra vegetal à qual se incorpora uma semente de árvore, como antecipação da cadeia de retorno.