Sidrolandia
Petrobras investirá mais de R$ 2 bilhões em Três Lagoas
Agronlink
07 de Outubro de 2010 - 08:52
De insumo para geração de energia até combustível em automóveis, o gás natural extraído, importado e distribuído pela Petrobras também pode transformar-se em fertilizante. Essa finalidade tornou-se questão estratégica para a maior empresa brasileira.
A companhia criou o Projeto Fertilizante e anunciou a sua terceira fábrica em Três Lagoas, que será vizinha da Fibria e da International Paper, fabricantes de celulose e papel, respectivamente, no município do sudeste do Mato Grosso do Sul.
Anunciado em meados desse ano, o investimento na cidade na divisa com o estado de São Paulo custará entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões e aproveitará uma série de vantagens que a região oferece. A primeira é o fato de o gasoduto Brasil-Bolívia passar pelo município.
A planta vai ficar a dois quilômetros do gasoduto e isso é fundamental, diz Graça Foster, diretora de Gás e Energia. Além disso, a área onde ficará a fábrica é capaz de suportar um maior número de empresas, fator importante porque, com a indústria de fertilizantes, misturadores e outras empresas migrarão para o local.
Mas por que a Petrobras decidiu entrar no mercado de fertilizantes? Dois são os motivos principais, segundo Graça. O primeiro deles é a ociosidade das usinas termoelétricas movidas nos períodos de chuvas, quando as hidroelétricas atendem à demanda brasileira por eletricidade.
Ou seja, o gás natural importado da Bolívia ou extraído no Brasil pela empresa não é utilizado. Mesmo tendo um contrato flexível quanto à importação e condições de armazenas o produto, a companhia não considera um bom negócio deixar o gás estocado.
Precisamos ter um mercado firme quando a gente não estiver utilizando a oferta total de produção de gás, afirma Graça.
O segundo motivo é a atual incapacidade do Brasil, cuja vocação natural é o agronegócio, em suprir a necessidade por fertilizantes. O país importa cerca de 60% do fertilizante que necessita anualmente.
O Brasil é o quarto maior usuário de fertilizantes e importa cerca de R$ 5 bilhões. Mesmo que secundário ao negócio da Petrobras, esse é um mercado que interessa muito à companhia.
Ureia e amônia
A partir do gás natural, a fábrica da Petrobras irá produzir amônia e ureia, produto rico em nitrogênio, a partir de um complexo processo químico-físico. Ao ano, serão fabricadas 1,21 milhão de toneladas de ureia e 81 mil toneladas de amônia.
Os dois insumos serão vendidos às empresas que fazem a mistura entre diversos elementos para chegar ao produto final, o fertilizante. Essa é uma etapa menos complexa.
O investimento de um misturador é em torno de US$ 50 milhões e não exige um processo químico nem trabalha com temperatura e pressão. É como um pilão que faz uma mistura, afirma Graça, engenheira química por formação.
Além da fábrica em Três Lagoas, prevista para ser inaugurada dentro de quatro anos, o Projeto Fertilizantes da Petrobras já tem duas fábricas operando.
Uma na Bahia, que produz 462 mil toneladas de amônia e 182 mil toneladas de amônia ao ano, e outra em Sergipe, que fabrica 594 mil toneladas de ureia ao ano. Outras três usinas integram o projeto.
Uma produzirá amônia em Uberaba (SP); outra, sulfato de amônia em Sergipe, e uma sexta em Linhares (ES), que fabricará metanol, ácido acético, ácido fórmico e formaldeído.