Prefeito admite enfrentar risco de perder apoio no futuro

O fato de ter de apoiar duas candidaturas distintas está preocupando o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), que, pela primeira vez, admitiu correr risco de perder aliados no futuro na eventualidade de disputar o governo em 2014.

Em entrevista coletiva à imprensa ontem, o prefeito reafirmou o compromisso de apoiar a candidatura da petista Dilma Rousseff à Presidência da República ao mesmo tempo em que será um dos coordenadores da campanha do governador André Puccinelli (PMDB), que busca da reeleição.

Apesar do interesse em subir em palanque opostos, o prefeito reconheceu que enfrenta um imbróglio dentro do PMDB, uma vez que a tendência de André Puccinelli é trabalhar para o candidato do PSDB, José Serra, ao Palácio do Planalto na campanha eleitoral deste ano.

Ocorre que dirigentes de partidos aliados já advertiram o peemedebista quanto as conseqüências futuras, caso Nelsinho ignore o candidato tucano. Apesar disso, o presidente regional do PSDB, deputado federal Reinaldo Azambuja, minimiza, alegando buscar o diálogo com o prefeito.

Outro que também vê risco para o futuro de Nelsinho é o deputado estadual Zé Teixeira, vice-presidente regional do DEM. Os aliados não se conformam até agora com o fato de o prefeito optar em apoiar a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, enquanto a tendência dos partidos que apóiam André é fortalecer a campanha de Serra em Mato Grosso do Sul.

“Vou conversar com o André. Eu já disse pra vocês que a minha prioridade é a reeleição dele. Vou estar na rua pedindo votos para governador sim. Mas aí, eu vou conversar com ele para saber como a gente sai deste imbróglio”, declarou Nelsinho diante das perguntas de repórteres que queriam saber sobre esse impasse.

Desde que manifestou sua simpatia por Dilma Rousseff o prefeito tem enfrentado criticas de companheiros de partidos e de dirigentes de partidos aliados. Apesar da forte pressão, Nelsinho não se cansa de tecer elogios a Lula e pré-candidata do PT.

Durante a entrevista, o prefeito disse reconhecer que sabe do sério risco que poderá enfrentar. No entanto, deixou claro que um “ser humano deve agir de forma verdadeira”.

“Você pode até errar. Mas o que eu posso fazer se eu acredito nisso”, colocou referindo-se a proposta de Lula em fazer Dilma Roussef sua sucessora. O argumento do prefeito é que o presidente investiu pesado em obras em Campo Grande e que, por causa disso, seria um contra-senso não apoiar a candidata do PT, partido que deve ter o PMDB como aliado na campanha eleitoral deste ano.

“Eu acredito no Lula. Eu acho que ele é o maior presidente que o Brasil teve. Nós nunca avançamos como a gente avançou”, acrescentou.