Sidrolandia
Saiba mais sobre o caso da iraniana
A primeira condenação é considerada medieval por muitos países, pois a mulher é enterrada e tem apenas a cabeça livre.
R7
03 de Agosto de 2010 - 10:26
O caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, chama a atenção mundial para a situação das mulheres no Irã. Ele ganhou repercussão nos últimos dias após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudar de ideia e pedir para que as autoridades iranianas permitam que ela obtenha asilo no Brasil.
Sakineh foi acusada em maio de 2006 por ter relações ilícitas com dois homens após a morte de seu marido, que foi supostamente assassinado. Ela recebeu 99 chibatadas como condenação.
No julgamento da morte do marido, o principal suspeito acusou a iraniana de ter tido um caso extraconjugal enquanto seu marido ainda estava vivo o que é um crime grave no Irã. Sakineh confessou o adultério, mas depois voltou atrás.
O artigo 71 do código penal iraniano, de 1983, lista como pena para o adultério a morte, que pode ser por apedrejamento. O adultério pode ser provada por testemunhas da seguinte maneira quatro homens justos ou três homens justos e duas mulheres justas. Ou seja, o se forem quatro testemunhas do sexo masculino, pode haver prova, mas se uma for do sexo feminino, então é necessários mais um depoimento ao menos.
Sakineh está atualmente no corredor da morte da prisão de Tabriz, no noroeste do Irã. O caso dela se tornou um símbolo porque seus dois filhos, Faride e Sajjad Mohammadi e Ashtiani, se engajaram em uma campanha internacional para libertar a mãe.
A campanha recebeu apoio de gente como Yoko Ono, Ingrid Bettancourt, Chico Buarque, Caetano Veloso, Catherine Zeta-Jones, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Gwyneth Paltrow.
Em 10 de julho, o chefe do Conselho de Direitos Humanos do Irã disse que o caso iria ser revista, mas voltou a afirmar que o código do país permite condenação por apedrejamento.
Um dos filhos de Sakineh, Sajjad, publicou que em 14 de julho foi convocado a Tabriz para responder um interrogatório levado por membros do Ministério da Inteligência do Irã sobre as entrevistas que deu sobre o caso.
Ele afirmou ao jornal britânico The Guardian que está pronto a vir ao Brasil com sua mãe e família se as autoridades iranianas permitirem. Hoje, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã informou que Lula é emotivo e fez as declarações sobre o caso com falta de informação.