Brasil
Fontes de energias renováveis já representam 43,5% da matriz energética brasileira, revela especialista
O especialista ainda detalhou aos presentes mais sobre o mercado livre de energia, criado em 1995 com o objetivo de promover a competição no setor.
Daniel Pedra/Fiems
23 de Maio de 2018 - 08:51
A Agência Internacional de Energia revela que, em 2016, as fontes de energias renováveis, como biomassa, hidráulica, eólica e solar, já tem uma participação de 43,5% na matriz energética brasileira, mantendo-se entre as mais elevadas do mundo, com pequeno crescimento devido, particularmente, à queda da oferta interna de petróleo e derivados e expansão da geração hidráulica. A informação foi apresentada pelo engenheiro-civil Pedro Jara Xavier, com mais de 33 anos de experiência no setor elétrico brasileiro, durante a palestra “Energias Renováveis e Oportunidades de Negócio”, realizada nesta terça-feira (22/05) no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande (MS), pela Fiems e Senai Empresa como parte da programação de “Maio – Mês da Indústria”.
Ele completa que o potencial brasileiro de geração de energia solar é de 28,5 mil GW (GigaWatts), enquanto o eólico é de 440 GW e o hidráulico chega a 172 GW. “No Plano Decenal 2026, a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), do Ministério de Minas e Energia (MME), estima que serão necessários aproximadamente 40 GW adicionais (+27% da capacidade atual), sendo que 60% desta capacidade nova deverá ser proveniente de fontes renováveis (eólica, fotovoltaica, biomassa), sendo necessários investimentos na ordem de R$ 175 bilhões na expansão do parque gerador, principalmente, focada entre 2020 e 2026”, destacou.
No caso da geração fotovoltaica, completa Pedro Xavier, o Plano Decenal de Expansão de Energia estima que a capacidade instalada de geração solar chegue a 13 GW em 2026, sendo 9,6 GW de geração centralizada e 3,6 GW de geração distribuída. “Mato Grosso do Sul pode se beneficiar disso, pois, atualmente, o Estado tem uma irradiação diária média anual de 1,7 kWh/m²/ano, enquanto países como a China, 1ª no mundo em incremento e em capacidade instalada, chega a 2,3 mil kWh/m²/ano”, informou, completando que em ralação à energia eólica o Plano Decenal de Expansão de Energia estima que a capacidade instalada de geração eólica chegue a 28,4 GW em 2026. “A proporção da potência eólica chegará a 13,8% da total, sendo 80% no Nordeste e 20% no Sul”, acrescentou.
O especialista ainda detalhou aos presentes mais sobre o mercado livre de energia, criado em 1995 com o objetivo de promover a competição no setor. “Nele, os contratos de compra e venda são negociados livremente entre consumidores e geradores. É o ambiente de contratação de energia elétrica no qual o papel do consumidor é ativo, ou seja, ele tem oportunidade de escolher de quem comprar a energia elétrica a fim de buscar melhores condições de preço, prazo, volume e indexador, conforme sua necessidade, com isso, a energia elétrica é tratada como mais um insumo do processo produtivo/ operacional”, afirmou.
Pedro Xavier ainda apontou que os benefícios do mercado livre de energia elétrica são liberdade na negociação diretamente com o fornecedor, possibilidade de adequação da compra de energia ao processo produtivo, melhor divisão orçamentária, preços mais competitivos, possibilidade de alocação da energia entre as unidades industriais, maior possibilidade de gestão do portfólio dos contratos de energia, gerenciamento da energia elétrica como matéria-prima e possibilidade de utilizar energia elétrica de fontes renováveis. “Para que tudo isso se torna uma realidade, é preciso aprimorar o Marco Legal do Setor Elétrico”, cobrou.
Repercussão
O 1º vice-presidente regional da Fiems, Luiz Cláudio Sabedotti Fornari, que representou o presidente Sérgio Longen no evento, destacou que a indústria tem a preocupação de acompanhar o desenvolvimento tecnológico do mercado. “O setor industrial tem um papel decisivo nesse avanço e, por isso, procuramos pessoas que tragam conhecimento para os nossos empresários. A palestra do especialista Pedro Jara Xavier foi crucial para o momento que vivemos de busca por fontes alternativas de energia e, por isso, só veio a agregar para os nossos associados”, analisou.
Já o diretor-corporativo da Fiems, Cláudio Alves, reforça que as fontes renováveis de energia chegaram para ficar. “Vejo que não tem volta. É um retorno a longo prazo e, mesmo que sempre esperemos algo a curto prazo, eu vejo com bons olhos e é um resultado muito positivo de quem aderir”, pontuou. O gerente do Senai Empresa, Rodolpho Caesar Mangialardo, acrescenta que o evento buscou apresentar aos empresários de Mato Grosso do Sul alternativas para reduzir os gastos da produção. “Pensamos que o resultado é a economia em despesas para o empresário, o que facilita o balanço de sua empresa, além de gerar uma excelente oportunidade para novos negócios, novos investidores para o estado. Tudo isso ainda contando com uma ajuda ímpar no quesito ambiental”, afirmou.
Para o empresário Massímo Volpon, da Mineração Igram, a palestra ajudou a vislumbrar possibilidades de melhoria para a sua empresa. “Esse foi o meu objetivo ao participar dessa palestra, pois penso em trocar os motores a diesel pela energia renovável. Se for uma posição que valha a pena, espero uma economia de 30%, além de ajudar na questão ambiental”, analisou. O empresário Cícero Souza, da Conesol, pretende ampliar seus negócios. “Nossa expectativa é ver se tem novidades no fotovoltaico e se surgem novos negócios para nós”, garantiu. “Esse é o assunto do momento e estou em busca da instalação de mais ou menos 80 painéis. Ajuda na economia da empresa, além de ser renovável, o que eu prezo muito; na minha empresa já tem capitação de água. São recursos naturais que ajudam na empresa e também a natureza”, avaliou o empresário Clair Smaniotto, da Estametal Metalurgia.
Presente ao evento, o superintendente-regional do Banco do Brasil no Estado, Gilson Caio, apresentou aos empresários como a instituição financeira pode contribuir, via FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste), na mudança por uma fonte renovável de energia. “O retorno de um empréstimo para a compra de placas fotovoltaicas utilizando o Fundo se paga em até quatro anos”, garantiu. Ao fim da palestra, Pedro Xavier, Luiz Cláudio Fornari, o engenheiro-eletricista Sebastião Russel, que é consultor de energia do Senai Empresa, e o engenheiro-eletricista Heber Henrique do Nascimento, coordenador de relacionamento com clientes especiais da Energisa, realizaram um painel de debate para tirar as dúvidas dos presentes ao evento.
Serviço - A programação completa do Mês da Indústria, que tem o patrocínio do Sebrae/MS, pode ser conferida no site www.mesdaindustria.com.br