Economia
Dólar em alta: entenda o que faz a moeda subir ou cair
Saldo das compras e vendas do Brasil, taxa de juros e gastos do governo influenciam preço da moeda americana em reais.
G1
25 de Abril de 2022 - 15:41
O preço do dólar muda várias vezes ao longo do dia - tem hora que sobe demais, e depois cai com intensidade. Mas por que existe tanta oscilação no mercado de câmbio?
Primeiro, preciso explicar que o câmbio é o preço da moeda como mercadoria. Ou seja, ele indica quantos reais são necessários para comprar um dólar.
O que define o preço do câmbio é a relação de oferta e da demanda o tempo todo, explica Paulo Dutra Constantin, professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Se tem muita gente ou empresa comprando dólar em um determinado momento, o valor sobe. E se tem mais gente vendendo do que querendo comprar, ele cai.
Mas, o que influencia a demanda e a oferta do Dólar aqui?
Uma das variáveis dessa conta é a balança comercial do país: a diferença entre o que o Brasil exporta e o que ele importa.
- Então, quando as exportações estão melhores que as importações, o Brasil vende mais produtos para fora e recebe dólares por isso. Com muita moeda na praça, o preço cai.
- E quando as importações estão melhores, o país compra mais itens lá fora e paga com os dólares. Então, mais moeda sai do país e o preço sobe.
Outro motivo é a taxa de juros. Quando ela está alta no Brasil, é ruim para quem tem dívida e financiamento, mas ótimo para quem investe porque o dinheiro rende mais. Isso enche os olhos dos investidores estrangeiros, que procuram nossos títulos públicos e o dólar jorra aqui.
Mas se as contas do governo não vão bem, os investidores ficam com medo de colocar dinheiro aqui e vão procurar países mais seguros.
"Se fazemos uma política fiscal sem o mínimo controle das contas públicas, a gente prejudica a politica monetária. Se não aumenta a taxa de juros, tem uma desvalorização do câmbio. Normalmente é isso que acontece", diz Constantin.
"A gente chama de paridade internacional de juros. O mundo todo em equilíbrio teria o mesmo resultado para a fórmula 'taxa de juros - inflação e risco de calote (risco do país)'. Como somos considerados um país que pode não pagar suas dívidas, nosso risco é mais alto", explica o professor.
É justamente esse "risco" que nos prejudica quando o mundo está em turbulência, como em momentos de crise econômica generalizada, pandemia mundial ou uma guerra, como a da Rússia. Também nestes casos, investidores querem fugir do risco e procuram economias seguras. Mesmo que o Brasil não esteja em um momento ruim, ele é prejudicado por essa "aversão ao risco".
O professor explica que o governo também costuma "mexer os pauzinhos" para aumentar ou diminuir o valor do Dólar. "Uma forma indireta é reduzir a atividade econômica aqui dentro. Ele aumenta o custo do capital (investimento de empresas e consumo das pessoas). Se a gente reduz a demanda interna, sobra mais pra exportar. Então, a possibilidade de maior entrada de dólares vem por esse lado, porque minha economia está fraca."
"Acabo desvalorizando o preço dos ativos aqui dentro, tornando mais barato em moeda estrangeira e vendo mais facilmente. Quando é assim, a gente vê grande entrada de capital na bolsa de valores", explica.