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Economia

Pai dá parte da mesada em dólar para estimular o filho a poupar

Filho de administrador ganha R$ 30 para gastar e US$ 12 para guardar. "Foi o melhor para eu economizar meu dinheiro", diz o menino de 12 anos.

G1 MS

21 de Março de 2012 - 10:14

Quando o administrador de empresas Fábio Pizarro de Lima, 37 anos, decidiu dar mesada ao filho Tiago Lopes Pizarro de Lima, 12 anos, queria ensiná-lo não somente sobre a importância de gerenciar os próprios gastos, mas também de economizar para comprar coisas mais caras, como computadores e videogames. Para evitar que o dinheiro seja gasto com bobagens e estimular o filho a poupar, Lima entrega parte da mesada do menino em dólares.

O menino reconhece a atitude do pai como sendo importante para aprender a administrar o dinheiro e guardá-lo. “Foi o melhor para eu economizar o meu dinheiro, para não gastar tudo”, disse Tiago ao G1.

A estratégia de Lima é simples. Ele dá R$ 30 por mês ao filho, quantia que o menino usa para sair com os amigos e comprar o que gosta. O garoto é quem administra o dinheiro, já que o pai não dá quantias extras para esse tipo de gastos.

“Antes da mesada, nós dávamos dinheiro na hora em que ele precisava. Às vezes, não era nem dinheiro, mas coisas”, disse o pai. “A mesada foi um pequeno passo. Talvez quando ele for adulto, estiver ganhando bem e sabendo economizar, entenda que a ideia deu certo”.

Fora esse dinheiro, Tiago também ganha US$ 12 que que vão direto para um cofre. De acordo com o administrador, o filho define uma meta, como um produto que deseja comprar. Os dois pesquisam o valor e, sabendo quanto precisa guardar, o menino espera até juntar o valor necessário.

 “Eu fiz isso justamente por essa questão dele aprender a mexer com dinheiro, a compreender melhor o custo das coisas. Ao guardar um pouco, chega-se a um resultado mais significativo no futuro. Tem que ter disciplina e controle”, afirma Lima.

De acordo com o administrador, a iniciativa começou em janeiro de 2011. A próxima meta é um computador. “Além de economizar, ele vai aprendendo a dar valor ao dinheiro”, diz o pai.

Lima relata que a iniciativa acabou trazendo ainda outros ensinamentos ao garoto, como decidir em que irá investir o dinheiro guardado por tanto tempo. “Mostra que, na nossa vida, temos que fazer escolhas”, disse. Ele espera que o menino escolha itens cada vez mais caros à medida que vai crescendo.

“Eu pretendo aumentar o valor da mesada conforme ele vá atingindo os objetivos, sempre estimulando para que poupe mais”, explica Lima. “O que vamos colher no futuro depende do que fazemos hoje. A gente não pode criar um filho achando que tudo na vida é gracinha”.

Mesada existe para ser usada, diz especialista
Para a professora Cássia D'Aquino, especialista em educação financeira, dar mesada em dólar não é uma atitude apropriada. "O pai não está educando a criança agindo dessa forma. Uma criança não ter como usar o dinheiro não é poupar, é uma impossibilidade de usar. Ele pode não estar aprendendo nada com isso", avalia D'Aquino. Ela ressalta que a mesada deve ser em uma quantia pequena para educar a criança a ter objetivos, estabelecer metas e poder alcança-las.

A especialista diz que muitos pais fazem confusão entre o que eles adultos deveriam dar como mesada para os filhos e a poupança que a criança faz para si própria.Segundo ela, seria melhor os pais guardarem os dólares para usar em uma poupança deles para os filhos.

"O que garante que a criança vai crescer um poupador legal é o fato de que vai ser estimulada desde pequena a perseguir e alcançar objetivo. É este movimento que faz dela uma pessoa confiante na capacidade de poupança."