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Economia

Produtores e técnicos participam de Dia de Campo na Embrapa

Dourados News

08 de Fevereiro de 2012 - 09:54

Mais de 100 técnicos e produtores participaram na manhã de terça-feira, 7 de fevereiro, do Dia de Campo, realizado na Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados, Unidade de Pesquisa da Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O evento, segundo o chefe geral em exercício, Guilherme Lafourcade Asmus, teve como objetivo apresentar as alternativas para as lavouras da região, por meio de sistemas produtivos tecnológicos.

O chefe adjunto de transferência de tecnologia da Unidade, Claudio Lazzarotto, destacou que a sustentabilidade agrícola regional é um dos principais objetivos da Embrapa Agropecuária Oeste e enfatizou que esse Dia de Campo pretende apresentar informações que agreguem valor à sustentabilidade da Grande Dourados.

O analista de pesquisa Gessí Ceccon, apresentou as principais novidades no Zoneamento Agrícola de Risco Climático para a cultura de milho consorciado com braquiária no Estado de Mato Grosso do Sul. Ele falou da aprovação desse Zoneamento por meio da Portaria nº 24, de 26 de janeiro de 2012, da Secretaria de Política Agrícola do Mapa e explicou que, a partir dessa Portaria, está permitido para MS o consórcio de milho com braquiárias em geral. Segundo ele, a Portaria dá autonomia para que o consultor ou técnico escolha qual braquiária será utilizada no consórcio com o milho durante a safrinha.

“É uma decisão importante e que não deve levar em conta apenas o preço das sementes e sim a habilidade de produção de cada variedade, além de outros aspectos”, disse. Gessí exemplificou: “Se o objetivo for produzir palha para uso de cobertura do solo, sugere-se o uso da ruziziensis. Se for pasto, existem outras variedades mais adequadas para essa finalidade”. Ele destacou ainda que a escolha da espécie de braquiária a ser cultivada interfere no resultado produtivo da soja.

“O consórcio milho-braquiária é atualmente uma tecnologia, a pesquisa tem informações, tornou-se política pública, inclusive com financiamento. Mas depende do produtor se dedicar a conhecer a tecnologia e decidir por implantar os sistemas produtivos consorciados, de acordo com a sua finalidade”, concluiu o analista.

O produtor rural de soja e milho, Miguel Barros, de Dourados, participou das atividades do Dia de Campo. Ele disse que há um ano começou a produzir por meio do sistema consorciado e que está aguardando os resultados dessa colheita de soja para tirar suas conclusões definitivas. Porém, até agora, disse estar satisfeito, pois já pode observar que o sistema consorciado contribuiu com a retenção da umidade em sua lavoura.

Soja livre

Outro tema apresentado aos participantes do evento foi a palestra intitulada “Mercado da soja não geneticamente modificada no Brasil e no Mundo - oportunidades & ameaças”, proferida pelo coordenador Brasil do Programa Soja Livre e diretor técnico da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), Ivan Paghi. Segundo ele, soja livre ou soja convencional são sinônimos de grãos não transgênicos, ou seja, que não foram geneticamente modificados. “O Brasil é, atualmente, o segundo maior produtor de soja mundial e esse sucesso é fruto do trabalho da Embrapa. Mas apenas 15% da produção nacional corresponde à soja convencional”, enfatizou.

Paghi parabenizou a iniciativa da Embrapa Agropecuária Oeste de viabilizar o debate em prol do cultivo da soja livre na região. A soja livre possui um nicho de mercado, com alto valor agregado e explicou que “consumidores de países desenvolvidos têm preferência por produtos elaborados à base de soja convencional, exigem produtos diferenciados e estão dispostos a pagar mais por isso”.

Segundo ele, grãos, farelo, óleo, lecitina e proteína texturizada de soja livre são produtos que o Brasil ainda pode exportar, pois tem sementes disponíveis e com royalties ainda acessíveis. Mas enfatizou que a segmentação de mercado de grãos exige planejamento, organização e logística.

“A produção de soja livre envolve pesquisa, tecnologia, é moderna e tem mercado. Entretanto, é preciso despertar e trabalhar para organizar a cadeia produtiva de soja livre no MS. Já existe um grupo de instituições que estão se organizando para completar a cadeia de soja livre no Estado, mas ainda temos muito que fazer”, destacou Paghi.

O produtor rural de soja e milho, Neri Henrich, de Dourados, planta soja convencional e transgênica, num percentual de 25% da lavoura com soja convencional. “Achei o Dia de Campo muito produtivo”, disse o produtor, que afirmou enfrentar dificuldades devido ao uso de glifosato pelas propriedades vizinhas que acaba prejudicando a soja livre.

O responsável pelo Escritório de Negócios de Dourados da Embrapa Transferência de Tecnologia, Huberto Paschoalik, disse que é preciso buscar novos interlocutores para realizar negócios inovadores. “O produtor precisa encontrar novos parceiros e fontes de vendas em prol de mudanças sustentáveis”, salientou.

Na vitrine tecnológica da Embrapa Agropecuária Oeste foram demonstradas algumas variedades de soja convencional que poderão ser utilizadas para o Programa Soja Livre. Também foi demonstrado o Sistema Integração Lavoura Pecuária (ILP), em que se pode observar a integração entre as culturas de verão e a produção de carne.

O evento contou com a parceria da Embrapa Transferência de Tecnologia, Escritório de Negócios de Dourados, Embrapa Soja, Fundação Meridional e Abrange.

Nesta quarta-feira, 8 de fevereiro, são esperados cerca de 200 estudantes, que estão prestes a se graduar, para participar do Dia de Campo na Embrapa Agropecuária Oeste preparado especialmente para esses futuros profissionais.