Esporte
Casa do Brocador: de bico ou de letra, Hernane se consagra no Maracanã
Com oito gols em oito jogos, artilheiro do estádio após reinauguração traça meta ousada, se espanta com marca de Zico e sonha com gol de bicicleta
Globo Esporte.com
10 de Outubro de 2013 - 15:00
Neymar, Fred, David Villa, Fernando Torres, Xavi, Iniesta, Balotelli, Pirlo e Chicharito. A lista de craques que já pisaram no novo Maracanã é de respeito, mas de brilho efêmero. Com exceção dos brasileiros, marcados pelo título da Copa das Confederações, o restante virou estatística e são apenas novos famosos a passarem por ali. Com o fim da competição, a Fifa deu uma brecha de um ano até a Copa do Mundo e colocou o estádio à disposição de "mortais".
E, neste grupo, um nome começa a ligar sua identidade ao principal palco do futebol nacional: Hernane. Se não conta com a grife dos craques internacionais, o atacante do Flamengo tem gols, e é com eles que começa a fazer história no estádio.
O período ainda é curto, apenas quatro meses e meio. A marca ainda é modesta: somente oito gols. Mas, seja de bico ou de letra, ninguém marcou mais gols no novo Maracanã que o Brocador. Com média de um por jogo, Hernane pisou no gramado pela primeira vez no clássico com o Botafogo, pelo Brasileirão. Vindo do banco de reservas, até finalizou bem em duas oportunidades, mas foi diante do Fluminense que realizou o sonho de balançar a rede do palco que conheceu ainda na juventude.
- Quando era mais novo, vim jogar um interclubes aqui (no Rio) pela AABB de São Paulo e tive esse privilégio de conhecer o Maracanã. Da arquibancada, eu olhei esse estádio maravilhoso e não imaginaria que um dia eu estaria aqui sendo o artilheiro do novo Maracanã. Me identifiquei bastante com esse estádio aqui, muito maravilhoso. Espero poder marcar muitos gols aqui.
A visita esporádica não afastou Hernane do Maracanã. Baiano, o atacante, que iniciou a carreira no São Paulo e rodou pelo interior até chegar à Gávea, mantinha pela televisão a relação afetiva com o estádio e o time do coração: o próprio Flamengo. Torcer na arquibancada nunca fez parte da rotina, mas pela telinha o Brocador viu, há sete anos, um conterrâneo transformar em realidade aquilo que era quase uma utopia para ele.
- Minha maior recordação é um pouco recente. Foi no jogo Vasco e Flamengo, pela Copa do Brasil, que o Obina fez o gol na final. Esse é um resultado que me marcou bastante.
Como Obina, Hernane chegou ao Flamengo cercado por desconfianças e até um certo folclore amenizado pelos gols. Só em 2013 já foram 25, perto da sua meta de 30. No Maraca, foram oito em oito jogos. Número que o coloca com certa folga no topo da artilharia do estádio - Fred, do Fluminense, que está lesionado, e Fernando Torres têm quatro -, mas o Brocador quer mais, muito mais até dezembro.
- No Maracanã, eu pretendo fazer em torno de doze a quinze gols. Terminar o ano com quinze gols no Maraca seria muito importante.
Para isso, Hernane terá de oito a onze jogos para disputar ainda em 2013 - depende da classificação na Copa do Brasil. Meta ousada, mas alcançável. Já o mesmo não pode ser dito em relação ao recorde histórico do estádio. Aos 27 anos, o atacante precisaria ser uma máquina de gols para chegar aos 333 de Zico, goleador máximo do Maracanã.
- Faltam trezentos e vinte e cinco... É um número muito alto, né?! (risos). Mas eu acho que eu pretendo fazer muitos gols ainda com a camisa do Flamengo.
Após letra, Brocador sonha 'pedalar'
Dos oito gols marcados até o momento, um é especial para Hernane: o primeiro dos dois marcados diante do Fluminense. O carinho não é somente por ter sido também o primeiro de sua história no Maracanã, mas, principalmente, pela forma como aconteceu: com um lindo toque de letra.
- É o momento. Acho que nos gols você nunca espera o que você vai fazer. Você tem que estar pronto para qualquer momento a bola sobrar e você tocar para o gol de qualquer maneira. Na hora do lance, o Léo (Moura) viu o meu posicionamento. Ele sabe que eu... Vou cortar aqui, porque senão alguém vai descobrir a minha grande jogada com o Léo Moura (risos). Ele viu que eu tomei a frente do zagueiro e deu um passe rasteiro. Foi aí que eu consegui dar o toque de letra e fazer um belo gol.
Desde então, Hernane já fez gols de diferentes maneiras. Com toque sutil por cima do gol, de cabeça, de pênalti, escorando sem goleiro e até de chutão, meio que de bico, diante do Criciúma. O atacante segue o lema de Dadá Maravilha, em que "não existe gol feio, feio é não fazer gol". Entretanto, se pudesse escolher, o Brocador não esconde que gostaria de deixar sua marca em grande estilo.
- Acho que um gol de bicicleta vai ficar marcado para a história, né? O de letra é um gol muito difícil, mas geralmente a bola vem mais embaixo, então é mais fácil. Com a bola em cima é muito raro acontecer um lance para você dar uma bicicleta. Se eu conseguir fazer um gol de bicicleta no Maracanã, sem dúvida vai ser esse gol (o mais bonito).
Nesta quinta-feira, às 21h (de Brasília), Hernane volta ao Maracanã para encarar o Internacional, pela 27ª rodada do Brasileirão. Um gol de bicicleta será muito bem-vindo, mas com uma meta pessoal a alcançar o Brocador não tem dúvidas: seja como for, o que importa é fazer o gol.