Esporte
Pelé chora e lembra que Seleção vetou show dos Beatles na Copa de 66
Em lançamento de livro, ex-jogador se emociona com vídeo e relembra histórias da época de seleção brasileira: obra custa até R$ 5,5 mil
Globo Esporte
16 de Outubro de 2013 - 15:49
Eleito melhor jogador da história do futebol, Pelé lançou na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, o que considera seu livro definitivo. Chamada 1283, alusão ao número de gols que marcou na carreira, a obra é limitada. Tem os mesmos 1.283 exemplares, e custa R$ 3,6 mil. Há ainda uma edição especial que vale R$ 5,5 mil, e terá 50 livros impressos no Brasil. Ele é tão pesado que Pelé teve dificuldade para retirá-lo da caixa. Precisou da ajuda de uma assessora.
O Rei chegou atrasado ao Museu da Imagem e do Som. Com uma jaqueta de couro e um grande crucifixo no peito, brincou com sua boa forma física antes de se sentar. Em seguida, um vídeo de cerca de três minutos, com imagens de sua carreira, foi exibido. Nele, Pelé fazia gols e era recebido por personalidades como presidentes, reis, rainhas e cantores.
O ex-jogador não segurou as lágrimas ao fim do clipe. Precisou enxugar os olhos com um lenço, que estava em seu bolso, e pediu desculpas.
- Isso é uma viagem, me fez lembrar de quando meu pai dizia que o único recorde de gols que não consegui bater foi o dele, Dondinho, que fez cinco gols de cabeça no mesmo jogo. Ele tinha um jornalzinho lá de Três Corações que falava desses gols, e eu tenho esse legado que fica para a nova geração. São tantas histórias.
Refeito da emoção, Pelé contou algumas histórias da época de jogador. Na mais interessante delas, revelou que durante a concentração para Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, o empresário dos Beatles telefonou e pediu para falar com ele. Na época, a banda tinha apenas seis anos, era fã da seleção brasileira, e se ofereceu para fazer um show particular na concentração. A diretoria, no entanto, recusou.
Anos depois, quando estudava inglês, Pelé se encontrou com John Lennon, que fazia curso de japonês. O artista perguntou sobre o fato ao jogador, que contou a ele.
- O Carlos Nascimento (responsável pela concentração) disse que esses cabeludos não iriam entrar ali, não (risos).
O craque também se lembrou de quando suecas passavam a mão em seu cabelo, na Copa de 1958, para saber se era real. Foi sua primeira viagem para a Europa.
- Para mim, todas as loirinhas eram alemãs.
Os mimos ao livro foram grandes. Pelé chegou a colocar luvas para tocar nele, que foi impresso em Verona e recebeu acabamento em Turim, ambas cidades italianas. Ele conta com 1.283 textos, além de memórias e fotos históricas. Na edição especial, há ainda uma imagem que mostra um coração formado pelo suor na camisa do atleta em sua despedida da Seleção, no Maracanã.
A foto vem em tecido de algodão, e tem as assinaturas de Pelé e do fotógrafo Luiz Paulo Machado. Apesar do preço do livro, em vários momentos o Rei, o presidente da editora Toriba e o responsável pelo processo editorial falaram em presente para todo o povo brasileiro.
Pelé foi embora rapidamente, sem dar entrevistas. O livro será lançado também em Nova Iorque, Londres e Dubai.