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Mato Grosso do Sul

Presidente de associação diz esperar queda de preço ou fechamento de indústria com embargo da UE

Hoffman ressalta que carne produzida em MS é de qualidade e que os órgãos fiscalizadores são "extremamente rigorosos".

G1

20 de Abril de 2018 - 08:55

O anúncio do embargo a 20 frigoríficos brasileiros, nesta quinta-feira (19), surpreendeu avicultores em Mato Grosso do Sul. Ao G1 o presidente da Associação de Avicultores de Mato Grosso do Sul (Avimasul), Adroaldo Hoffman, disse que a "preocupação é muito grande e vai afetar muitos empresários do ramo".

"Tem dois cenários. Um deles é que eles [avicultores] vão continuar produzindo, que é o que a gente espera, colocando o frango em outro mercado, ou até mesmo no mercado interno. E a consequência seria mais a questão de baixa de preço. E o outro cenário seria ainda o fechamento da planta [frigorífico], que aí gera uma consequência muito séria. Estamos verificando qual o caminho que a indústria vai viablizar ", afirmou o presidente.

Hoffman ressalta que a carne produzida no estado é de qualidade e que os órgãos fiscalizadores (estaduais e federais) são "extremamente rigorosos", sendo que a expectativa da categoria é de voltar a exportar. "O produtor tem financiamento, estrutura para ser mantida e precisa de recurso", explicou.

Impacto nas exportações

Durante esta tarde, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que os embargos da União Europeia vão impactar em até 35% as exportaçõesda carne de frango brasileira. A declaração foi feita durante uma visita em Campo Mourão, no centro-oeste do Paraná.

Maggi explicou que, para os frigoríficos embargados serem restabelecidos no mercado da UE, é necessário pedir uma nova missão, com a segurança de que a situação das empresas está correta. Para analisar todos os processos, o ministro informou que uma reunião com cooperativas e empresas foi marcada para a próxima semana, em Brasília (DF).

Entenda o caso

A União Europeia (UE) anunciou a proibição de 20 frigoríficos brasileiros a exportarem frango para a região. Os países do bloco europeu votaram unanimemente a favor da retirada destas unidades brasileiras, alegando deficiências no sistema de controle.

O embargo entrará em vigor 15 dias após a decisão ser oficialmente publicada.

"Nós confirmamos que os representantes dos países votaram por unanimidade a favor de deslistar 20 estabelecimentos brasileiros de exportar carne e seus derivados (especialmente frango). A medida proposta pela comissão europeia é relativa a deficiências detectadas no sistema brasileiro oficial de controle sanitário", disse a UE, em comunicado da comissão sanitária do bloco.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa os produtores nacionais de aves, informou ao G1 que 9 empresas foram afetadas: 12 frigoríficos da BRF e outras 8 unidades de outras empresas. Confira a lista dos frigoríficos embargados, clicando aqui.

Em nota, a companhia BRF, que possui unidades frigoríficas, entre elas em Dourados, na região sul do estado, informou que ainda não foi oficialmente informada da decisão. Veja a nota na íntegra:

"A Companhia acredita que a decisão da Comissão Europeia em suspender as importações da BRF, a partir das plantas localizadas no Brasil, não foi baseada em questões sanitárias, mas pautada em motivações políticas e de proteção de seu mercado local. Tal decisão não foi precedida por uma investigação dos fatos por parte das autoridades europeias, e a BRF não teve a chance de ser ouvida. Essa decisão evidencia uma barreira comercial, que não impacta apenas a BRF, mas a balança comercial brasileira, dada a expressiva contribuição da companhia no saldo positivo de exportações.

A BRF informa que, até o momento, não foi oficialmente informada sobre a decisão tomada pela Comissão Europeia. Portanto, não temos como afirmar quais unidades foram contempladas.

Diante desta nova realidade, a BRF iniciará a revisão de seu planejamento de produção, que já considera o regime de férias coletivas em quatro de suas unidades: Capinzal (SC), Rio Verde (GO), Carambeí (PR) e Toledo (PR). Ainda é prematuro prever o impacto dessa revisão, dada a complexidade da cadeia produtiva na qual a BRF está inserida.

A companhia informa que vai procurar seus direitos perante os órgãos responsáveis europeus e suportar integralmente as ações do governo brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC) para garantir todos os direitos de continuar servindo seus clientes na Europa, a partir de seu parque fabril brasileiro.

A BRF, ao longo dos seus mais de 80 anos, vem sempre aprimorando suas práticas de qualidade, segurança alimentar, controles e gestão de seus processos. Temos orgulho de nossa história e acreditamos que esta é uma jornada contínua na qual sempre haverá espaço para melhorias e evolução.

Este é o nosso compromisso e convicção com os quais trabalhamos todos os dias. Certificações internacionais de qualidade, como GFSI (Global Food Safety Initiative), Global-GAP, Agricultural Labeling Ordinance (AloFree), GenesisGap e ISO 17025:2005, atestam esse compromisso.

A certeza deste entendimento nos move a procurar o melhor para os nossos clientes, consumidores, colaboradores e as comunidades onde atuamos".

Já a Bello Alimentos, que possui unidade em Itaquiraí, também na mesma região, diz que não vai se pronunciar sobre o assunto e quem falará, em nome da empresa, será a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).