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Policial

Polícia Federal fecha o cerco contra grupo de "Don Corleone" da fronteira

Correio do Estado

01 de Julho de 2023 - 09:00

Polícia Federal fecha o cerco contra grupo de "Don Corleone" da fronteira
Polícia Federal fecha o cerco contra grupo de "Don Corleone" da fronteira - Divulgação/PF.

Uma quadrilha com alto poder de organização internacional e com experiência paramilitar em zonas de conflito era responsável por fazer a segurança de traficantes e de carregamentos de drogas em Ponta Porã e em território paraguaio. O chefe da organização autointitulava-se Dom, em referência ao personagem famoso ligado à máfia italiana Don Corleone, de “O Poderoso Chefão”.

Ele também foi alvo de mandado de prisão, cumprido pela Polícia Federal com apoio de autoridades do país vizinho.Em Mato Grosso do Sul, havia várias ramificações do grupo paramilitar com base em Ponta Porã, no território brasileiro.

“A organização criminosa tinha viés de atuação paramilitar, composta de brasileiros e estrangeiros, e promovia a segurança de pessoas e cargas do tráfico”, apontou em nota a Polícia Federal. A investigação sobre o caso começou há cerca de sete meses. A Polícia Federal identificou que a organização criminosa procurava instalar-se na fronteira com o Paraguai.

Para isso, uma casa foi alugada no bairro Santa Izabel, que fica a cerca de 1 km da fronteira com o Paraguai. O local é bem arborizado, com casas novas, algumas de alto padrão. Um aluguel no bairro chega a custar R$ 2,5 mil mensais.

Polícia Federal fecha o cerco contra grupo de "Don Corleone" da fronteira
Durante cumprimento dos mandados de busca e apreensão e de prisão, a Polícia Federal encontrou arsenal de guerra com investigados. Foto: Divulgação/PF.

O imóvel alugado, conforme investigação, que fica desocupado boa parte do tempo, era usado como base temporária enquanto integrantes da quadrilha realizavam levantamentos na fronteira.

O primeiro envolvido preso pela PF foi capturado nesse bairro, depois que investigadores identificaram ligação do homem com o tráfico de drogas. Com o avanço da apuração, após esse preso, descobriu-se que além do tráfico de drogas a quadrilha pretendia ampliar negócios ligados ao crime na região de fronteira.

A atual operação foi realizada com o intuito de evitar que células da quadrilha conseguissem ficar instaladas em Ponta Porã e criar ramificações maiores. Conforme apurado, a quadrilha não está ligada diretamente a organizações criminosas com atuação nacional.

INVESTIGAÇÃO

Durante a Operação Magnus Dominus, a Justiça Federal expediu 11 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão contra nove brasileiros, um italiano, um romeno e um grego. De acordo com a Polícia Federal, a complexa operação policial ocorreu simultaneamente nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, além de Mato Grosso do Sul.

A operação contou com mais de 100 policiais federais, das diversas delegacias envolvidas e ainda do Comando de Operações Táticas e da Coordenação de Aviação Operacional da Polícia Federal.

Segundo a investigação, alguns integrantes desse grupo paramilitar são “de elevada expertise tática/operacional, com cursos nacionais e internacionais na área de segurança militar privada e atuação em guerras, além de se guranças militares privados de embarcações contra piratas da Somália, recrutados justamente pela sua experiência nesse tipo de serviço”.

Polícia Federal fecha o cerco contra grupo de "Don Corleone" da fronteira
Até granadas foram encontradas com a organização paramilitar. Foto: Divulgação/PF.

Durante as investigações, constatou-se que a organização criminosa detém grande poder bélico, com equipamentos de última geração, como coletes balísticos, drones, óculos de visão noturna, granadas e armamento de grosso calibre, a exemplo de fuzis .556, 762 e .50, este capaz de perfurar blindagens e abater aeronaves.

“Para viabilizar o cumprimento simultâneo de medidas no Paraguai, foi implementada intensa cooperação policial direta com as autoridades paraguaias, contando também com a participação do Ministério Público Federal [MPF]”, explicou a PF em nota.

O nome da operação, Magnus Dominus, significa “o todo-poderoso” em latim e faz alusão ao líder do grupo criminoso que se autointitulava Dom, em referência a Don Corleone, do filme “O Poderoso Chefão”, que se passa nos anos 1970.

SAIBA

“O Poderoso Chefão”

O primeiro filme da trilogia “O Poderoso Chefão” é de 1972 e retrata uma família da máfia italiana nos Estados Unidos tentando estabelecer sua supremacia no país após o fim da Segunda Guerra Mundial. Vito Corleone, o Don Corleone, é o chefe do grupo e foi vivido por Marlon Brando. Após sofrer um atentado, quem assume os “negócios” da família é o filho, Michael Corleone, vivido por Al Pacino. A obra teve outras duas sequências.