Política
Deputados federais do Estado são contra volta da CPMF
Campanha do setor produtivo estadual defende o investimento em saúde, mas não por meio da criação de novos impostos
Daniel Pedra/Região News
23 de Novembro de 2010 - 08:18
A exemplo do setor produtivo representado pela Fiems, Famasul e Fecomércio e dos senadores Delcídio do Amaral, Marisa Serrano e Waldemir Moka, sete dos oito deputados federais eleitos e reeleitos nas eleições deste ano
Segundo o deputado federal reeleito Marçal Filho (PMDB), o retorno da CPMF apenas poderia ser cogitado caso o Governo Federal aceitasse abrir mão de um outro imposto que penaliza a sociedade. Quando existia a CPMF, pelo menos aqui em Dourados, o atendimento nos hospitais era tão ruim quanto está hoje. O imposto não resolveu o problema na saúde para os usuários do SUS no passado e não acredito que vá resolver agora, analisou, lembrando que a carga tributária brasileira já é muito alta e que a União deve encontrar outra fonte de recursos para a saúde que não seja a criação de um novo imposto. Ninguém agüenta mais, precisa ter uma reforma tributária com um direcionamento melhor para os impostos, finalizou.
Já o deputado federal eleito Fábio Trad (PMDB) destaca que o Brasil precisa melhorar o gerenciamento dos recursos disponíveis e combater a corrupção, que é uma prática tão sistêmica quanto nociva por onde escoam os recursos que deveriam salvar vidas. A classe média já carrega um imenso fardo tributário e não suporta mais contribuir como se fosse um cidadão de primeiro mundo, recebendo em troca serviços públicos de terceiro mundo. Contudo, não rejeito definitivamente a CSS, penso que até apoiaria desde que fosse cobrada apenas sobre quem tem movimentação financeira bem alta. Além do mais, teria que haver garantia de que ela seria usada exclusivamente para a saúde, mencionou.
O deputado federal reeleito Geraldo Resende (PMDB) também é contra qualquer tipo de criação de novos impostos. Entendo que será preciso colocar em discussão a saúde pública. No entanto, precisamos de outros caminhos para resolver o problema de falta de recursos para a área que não seja a criação de mais um tributo, declarou, cobrando uma discussão séria a respeito da questão da saúde para evitar que mais pessoas continuem a morrer, principalmente aquelas que só têm acesso aos serviços disponibilizados pelo SUS.
Na avaliação do deputado federal reeleito Antônio Carlos Biffi (PT), é inadmissível a volta da CPMF como era quando foi extinta em 1º de janeiro de 2008 e livrou o brasileiro de pagar uma alíquota de 0,38% toda a vez que fizesse uma transferência bancária. Evidente que não podemos fugir de como regulamentar a questão de recursos para a saúde, mas, isso terá de ser um apelo dos prefeitos, governadores, bancada federal e presidência da República. Não pode ser uma imposição da União, mas uma ação conjunta, pontuou.
O deputado federal reeleito Vander Loubet (PT) ressalta que é preciso uma melhor gestão da saúde e mais investimentos no setor. Não existe uma justificativa para o retorno da CPMF que pode penalizar toda a sociedade que vai amargar com o aumento dos tributos. Ela, a CPMF, já morreu e deve ser devidamente enterrada por vontade da maioria dos brasileiros, disse, completando que iniciar um novo governo criando imposto seria inadequado, independentemente da finalidade. A administração da Dilma Rousseff vai ser de consenso e a taxação das contas bancárias dos brasileiros deve ser evitada. Acredito na capacidade dela de encontrar outras formas de financiamento e gestão da saúde no Brasil, disse.
O ex-secretário municipal de Saúde de Campo Grande, deputado federal eleito Luiz Henrique Mandetta, é mais um que engrossa o coro dos que são contrários ao retorno da CPMF repaginada como CSS. É inconcebível o aumento da carga tributária no País. Que a Saúde precisa de mais recursos e melhor gestão ninguém discute, mas falar em inchar a tributação ainda mais depois desse excesso de arrecadação que o Governo Federal registrou neste ano é menosprezar a inteligência do cidadão, do eleitor e de todos os brasileiros. O que precisamos na verdade é uma reforma tributária urgente. Vir com esse discurso de aumento de tributo após fazer campanha dizendo totalmente o contrário é estelionato eleitoral, principalmente porque o Governo acaba de eleger maioria na Câmara e no Senado, criticou.
Conforme o deputado federal eleito Reinaldo Azambuja (PSDB), não se justifica discutir a volta da CPMF. Temos um aumento brutal da receita da União e, se falta dinheiro para a saúde, é por má gestão, falta é priorizar a saúde. A carga tributária brutal que temos hoje é um prejuízo para o País e a CPMF iria penalizar não só quem tem o maior volume de movimentação financeira, mas todo as classes sociais brasileiras. Outro ponto importante é que essa discussão de criar tributos não apareceu no discurso de ninguém na campanha à presidência da República, pelo contrário, todos disseram que precisava de uma desoneração da folha. Por isso afirmou que vou votar contra a CPMF e qualquer outro tributo que seja criado, garantiu.