Política
Em entrevista ao Região News, Giroto se diz pronto para governar a Capital
Otimista, Giroto está convencido de que em seu futuro palanque contará com todas as forças políticas que historicamente acompanham o PMDB
Flávio Paes/Região News
22 de Janeiro de 2012 - 20:58
Por 10 anos ele foi secretário de Obras da Prefeitura de Campo Grande por 10 anos. Levado para cargo equivalente no Estado pelo governador André Puccinelli, o engenheiro Edson Giroto passou com folga pelos testes das urnas, se elegendo em 2010 o deputado federal mais votado de Mato Grosso do Sul com 147 mil votos.
A percepção nos meios políticos é de que só o imponderável pode tirá-lo da disputa pela Prefeitura da Capital, ou sua própria vontade. Mesmo assim terá de seguir a liturgia definida previamente pelo governador, até ser ungido oficialmente como o nome do PMDB para disputar a sucessão do prefeito Nelson Trad Filho.
Em fevereiro está programada uma pesquisa do IBOPE que mostrará o perfil do candidato desejado pela população que o governador entende coincidir com o do homem que é o seu tocador de obras. Quero ser candidato e estou preparado para ser o prefeito, afirma Giroto que na última quinta-feira, 19, apareceu em rede nacional de televisão do programa partidário como pré-candidato, embora tenha se tornado peemedebista (migrando do PR onde ficou de 5 de junho até outubro de 2010) há menos de um ano.
Preterido em 2004, quando o atual prefeito Nelsinho Trad foi escolhido candidato, o deputado admite. Naquela época eu ainda não estava pronto, não tinha passado pelo teste das urnas. O Nelsinho, pelo contrário, tinha uma carreira consolidada, como vereador, presidente da Câmara e deputado estadual mais votado. Além disso, aparecia em todas as pesquisas com mais de 40% das intenções de voto.
Giroto lembra que como secretário foi ordenador de 5 mil obras e em nenhumas delas foram identificadas irregularidades pelos órgãos de controle, sejam os Tribunais de Contas (do Estado e da União) ou os Ministérios Públicos (estadual e federal) e o próprio Judiciário. Todos os questionamentos foram respondidos e nos casos que se transformaram em processos, acabei absolvido, sustenta Giroto.
Ele admite que muitas das pedras colocadas no seu caminho para tentar impedir que chegue à prefeitura, são partes do processo de disputa de espaço político, atiradas por setores da oposição, além do fogo amigo que vai acabar quando for anunciado o candidato do prefeito Nelsinho Trad e do governador.
Otimista, Giroto está convencido de que em seu futuro palanque contará com todas as forças políticas que historicamente acompanham o PMDB na eleição em Campo Grande, onde o partido venceu todas as disputas municipais desde 1992. Acredito que vamos conseguir agregar os companheiros do PSDB, PPS, PDT, PP, DEM, que se juntarão a nós para manter e ampliar as ações administrativas que transformaram nossa cidade em uma das melhores do País em termos de qualidade de vida.
Dividido entre as articulações políticas e a atividade parlamentar como ativo integrante da Comissão de Orçamento (foi um dos sub-relatores) Giroto comemorou a viabilização de R$ 9 milhões do Ministério das Cidades (com contrapartida de R$ 3,3 milhões) para concluir a pavimentação do Bairro Aero Rancho. Espera que no máximo em maio ou junho, o processo de licitação esteja concluído para que as obras possam ser iniciadas, comenta.
Recentemente acompanhou o diretor do Prodetur (Programa de Desenvolvimento do Turismo), Carlos Henrique Sobral e do secretário nacional de programas de Desenvolvimento do Ministério, Fábio Rios Mata. Eles estiveram vistoriando a pavimentação da rodovia Bonito/Bodoquena e do Centro de Belas Artes em Campo Grande.
Obtivemos deles o compromisso de que os recursos serão liberados para a conclusão das obras, relata o deputado.
Eis os principais trechos da entrevista concedida ao jornalista Flávio Paes do Região News por Edson Giroto:
Região News O senhor foi um dos sub-relatores do Orçamento. Ano passado, a presidente Dilma foi extremamente dura com essa questão de liberação de recursos. Há o risco de termos em 2012 mais um ano de vacas magras?
Edson Giroto - Na prática, pelas regras atuais, o orçamento da União é um conjunto de intenções de fazer. Nós da Comissão de Orçamento, vamos formar um grupo de trabalho que terá a incumbência de elaborar uma proposta para alterar esta regra, tornando o orçamento impositivo. Hoje os deputados e senadores trabalham de forma intensa para incluir emendas que beneficiem suas bases eleitorais. Como nem todos os recursos são liberados, o desgaste acaba sendo do parlamentar. Eu tenho uma emenda no Ministério das Cidades que traz a vontade de trazer, para este ano, para a Capital, de R$45 milhões. Isso é só esperança. Ninguém tem certeza de que os recursos de fato vão sair. Prefiro que se faça um orçamento mais realista, mas pelo menos, o que estiver consignado, o Governo Federal será obrigado a liberar.
Região News A Presidente Dilma, de fato, precisava colocar o pé no freio no primeiro ano de Governo?
Giroto - A presidente Dilma foi dura no seu primeiro ano de Governo, por causa da crise internacional, que impôs um maior controle fiscal. É fundamental que neste ano os investimentos sejam retomados, como foi nos dois últimos anos do Governo Lula, para que o País possa continuar crescendo, gerando, distribuindo renda. Sem os investimentos públicos, quebra-se a cadeia produtiva econômica do Estado. Se os governos municipal, estadual e federal não investirem, não há como ter desenvolvimento.
Região News O processo de escolha do candidato do PMDB não está atrasado em relação aos demais partidos?
Giroto Ainda estamos numa fase preliminar. Não há candidatos, todos são pré-candidatos. Este é um período de debate interno, de conversação entre as forças políticas. O governador André Puccinelli e o prefeito Nelsinho, que são os nossos líderes políticos, definiram esta estratégia de ampla discussão entre os pré-candidatos e que a escolha leve em conta uma pesquisa qualitativa, que mostre o perfil do candidato, na qual o povo indica qual candidato mais se assemelha com aquilo que ele quer para a cidade. Sem contar, naturalmente, com a pesquisa quantitativa. Definido o candidato vamos entrar na fase de abrir o debate com os outros partidos aliados. O objetivo é garantir que o atual processo de desenvolvimento tenha continuidade e assim garantir no futuro a mesma qualidade de vida, que nossa cidade hoje desfruta.
Região News O senhor apareceu na última quinta-feira em rede nacional de TV no programa do PMDB. É uma sinalização de que sua candidatura tem o aval da cúpula nacional do partido?
Giroto Acredito que este convite tenha sido motivado pelo trabalho que desenvolvi na Câmara Federal. Neste primeiro ano de mandato consegui estabelecer bons relacionamentos, que me permitiram ser relator setorial do Ministério das Cidades, que é uma das áreas temáticas mais importantes do país.
E acho que toda essa soma de trabalhos, esforços e conhecimentos e de amizade feita, fez com que o partido me oferecesse esta oportunidade. Quero ser o prefeito de Campo Grande, mas tenho de respeitar as regras. Estou preparado para cumprir esta missão. Após 10 anos atuando como secretário Municipal de Obras acho que adquiri experiência suficiente para cumprir os compromissos com os companheiros políticos. Estou convencido que política e administração se faz ouvindo as pessoas, para que a gente erre menos.
Região News A partir que for feita a escolha do candidato, o senhor acredita que será possível recompor a aliança com o PSDB, PPS e o DEM, que até já lançaram pré-candidatos?
Giroto Não só acredito que seja possível, como vou trabalhar intensamente para isto. Escolhido o candidato vamos buscar a relação harmônica que sempre tivemos com os aliados. O deputado Reinaldo Azambuja, que comanda o PSDB é um grande companheiro e amigo. Vamos conversar com o PDT do Dagoberto Nogueira e de tantos outros; o PPS do Athaide Nery e da Luiza Ribeiro; o PP do Alcides e Bernal, e outros companheiros. Na democracia, para se chegar a vitória é preciso construir uma ampla aliança para administrar a cidade.
Região News Há alguma coisa que possa impedir a candidatura do senhor, deputado, à prefeitura da Capital?
Giroto A única coisa que me impede de ser candidato é caso eu decida sair da disputa que eu entrei sabendo as regras. Se eu for escolhido, com certeza nós, vamos nos empenhar nesta caminhada.
Região News O senhor tem dito também que o PMDB só vai ter chapa pura quando esgotar a possibilidade de aliança?
Giroto Eu não acredito em chapa pura. Defendo o princípio de que é necessário fazer uma administração participativa em que todos os partidos aliados vão estar juntos para ajudar a governar Campo Grande.
Região News O senhor acredita que há alguma chance de o PMDB não ser a cabeça de chapa?
Giroto Não acredito. O prefeito Nelsinho e o governador André são peemedebistas que têm compromisso com o fortalecimento partido. Eles vão se empenhar para que este projeto administrativo vitorioso tenha continuidade.
Região News Isto se aplicaria ao deputado federal Luiz Henrique Mandetta, que é do DEM, e manifestou interesse em ser o candidato das forças políticas alinhadas com o prefeito e o governador?
Giroto É legítima esta pretensão do Mandetta que é um companheiro político, uma liderança de credibilidade. Se ele tiver melhor desempenho na pesquisa não terei dúvida: vou estar ao lado dele. Eu sou uma pessoa de grupo, faço parte de um grupo liderado pelo André e pelo Nelsinho. Sou leal, fiel seguidor dos princípios éticos desse grupo e vou continuar sendo companheiro como sempre fui.
Região News - cidade hoje tem alguns problemas e a dificuldades para viabilizar recursos. Que desafios o senhor entende que o próximo prefeito de Campo Grande terá de enfrentar com prioridade?
Giroto Antes de mais nada é necessário ouvir os conselhos daqueles que passaram pela prefeitura como o André e o Nelsinho. Eles vão me apoiar na condução desse processo administrativo. Tenho como princípio a objetividade. Considero-me uma pessoa determinada e otimista. Acordo pensando em fazer o melhor a cada dia. Acho que num primeiro momento é preciso abrir uma ampla discussão com a sociedade. Fortalecer o papel dos conselhos regionais. Dessa forma você consegue entender o que cada região quer e pensa. Depois fazer um planejamento e trabalhar muito.