Sidrolândia
Após 4 dias da invasão por 130 famílias, esplanada na área central tem cenário de favela
Com barracos espalhados de forma desordenada onde impera a lei do silêncio.
Flávio Paes/Região News
01 de Agosto de 2018 - 14:55
Depois de quatro dias da invasão organizada pelos MST, que trouxe para os 14,5 hectares da antiga esplanada 130 famílias de sem-terra, o cenário na área em pleno centro de Sidrolândia é de uma favela com barracos espalhados de forma desordenada onde impera a lei do silêncio. Qualquer tentativa de entrevistar os ocupantes é abortada por coordenadores do Movimento do Sem-Terra, que acusa a imprensa de publicar matérias distorcidas e inibe quem tentar furar o bloqueio.
Nos poucos instantes que a reportagem do Região News conseguiu falar com alguns dos ocupantes, os relatos são mais ou menos parecidos: ganham baixos salários, pagam aluguel e viram na invasão, a possibilidade de construir a casa própria. Um deles reclama que há mais de seis anos se inscreve nos programas de habitação da Prefeitura e não conseguiu ser contemplado. Outro conta que ganha R$ 1,2 mil e passa por dificuldades porque o aluguel da casa onde mora é de R$ 450,00. Ninguém, por iniciativa própria ou orientação do MST, concorda em informar a identidade e diante da chegada dos coordenadores do acampamento, encerram a conversa.
Sobre a possibilidade do Governo Federal pedir a reintegração de posse na Justiça, eles garantem que só aceitam deixar a área, se os 20 posseiros que já estavam na gleba também saírem. "Se tivermos que sair, todos terão de sair também", argumentam.
Em nota, o MST, garante que as 130 famílias que desde de domingo tomaram o terreno da antiga rede ferroviária, são todas de Sidrolândia. "O acampamento é formado por pessoas desempregadas, que lutam pelo direito à moradia urbana. De acordo com o movimento, o local estava abandonado e servia como área de pastagem aos animais. O MST espera que o poder público coloque a vida das pessoas em primeiro lugar, e cumpra o que prevê a legislação brasileira ", acrescenta o movimento.
Invoca a Constituição Federal para lembrar "que o direito à moradia é sagrado" e acrescenta. "O direito à moradia digna foi reconhecido e implantado como pressuposto para dignidade da pessoa humana, desde, 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e foi propagado na Constituição Federal de 1988, por advento da Emenda Constitucional nº 26/00, em seu artigo 6º.
Ainda de acordo com o MST, todo cuidado tem sido tomado para garantir um ambiente de segurança, higiene e preservação ao meio ambiente.