Carapé aos 80 anos, lança livro de memórias de quem viu Sidrolândia nascer

Nem todo mundo consegue a façanha de chegar aos 80 anos, dirigindo o próprio carro e escrevendo um livro em que deixará uma mensagem para a posteridade. Pois é, Ilson de Souza Barbosa, o popular Carapé, 10 dias depois de atingir as cabalísticas 8 décadas de vida, é um destes homens a alcançar o feito.

Ontem à noite, quarta-feira, ele que já plantou muitas árvores, é pai de três filhos, lançou seu livro de memórias, uma autobiografia, onde mais que sua trajetória pessoal, ele relata o testemunho da história de Sidrolândia onde chegou aos 10 anos de idade, no longínquo 1949, quatro anos antes daquela localidade, então distrito de Campo Grande, tornar-se município (em 1953).

O lançamento na Câmara Municipal, atraiu amigos, familiares, contemporâneos como dona Dalva Malaquias, viúva de Acelino Roberto Ferreira, o seu Uru, que faleceu ano passado aos 94 anos. Teve a participação ainda do prefeito Marcelo Ascoli e do presidente da Câmara, Jean Nazareth.

De memória prodigiosa para os números, por décadas contador autodidata, de fato e direito a partir de 1974, quando aos 36 anos se formou em técnico de contabilidade, 10 após o supletivo em Terenos e concluir o ensino fundamental.

Com ajuda do neto, Patrick de 17 anos, aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Sidrônio Antunes de Andrade, em dois anos escreveu o livro que foi lançado ontem à noite na Câmara Municipal. Contou com ajuda dos funcionários do Legislativo que resgataram documentos e nomes dos seus antigos companheiros de Legislativo, onde atuou entre 1993 e 2000, eleito com 196 votos e reeleito com 204.

Recorremos aos conhecimentos históricos do ex-vereador Jurandir Camilo, que o Região News já relatou no quadro “Memória Viva”, para lembrar um pouco da trajetória de Carapé por essas bandas. Ele nasceu em 18 de novembro de 1938, no município de Rio Brilhante. Foi casado com Tereza de Lourdes Fernandes Barbosa, durante 46 anos e com ela (já falecida) teve três filhos: Roseli Barbosa dos Santos, Soneli Fernandes Barbosa e o filho Ilson Fernandes Barbosa Junior que foi vereador e posteriormente vice-prefeito numa das gestões de Daltro Fiuza.

Antes de ingressar na Prefeitura, em 2 de dezembro de 1963 (gestão do então prefeito Gumercindo Pereira Barbosa) como fiscal geral, trabalhou no início dos anos 1960 na Casa Vacariana, pertencente a Altinor Barbosa Ferreira, além de prestar serviços como contador (o antigo guarda-livros) para vários comerciantes.

Na Prefeitura, exerceu vários cargos, mas foi na função de diretor de tributação que ficou mais conhecido. Carapé sabia de cor e salteado como se costumava dizer, a avaliação dos imóveis, tantos urbanos, quanto rurais, que serviam de base para os lançamentos de impostos como IPTU e ITBI.

Se aposentou em 1992, quando se candidatou e se elegeu vereador pela primeira, muito em função do seu carisma pessoal, mas sobretudo, do trabalho social que realizava. Com dinheiro do próprio bolso, custeava as despesas de transporte de pacientes que precisavam de atendimento em Campo Grande.

Foi também um grande desportista atuando durante muitos anos na posição de zagueiro, sempre de forma leal nas equipes em que defendeu. É de sua autoria, quando vereador a proposição que denominou “Sótero Zarate”, o nome do Estádio Municipal de Sidrolândia, uma homenagem mais que justa ao falecido desportista.