Sidrolândia
Com produção diversificada, assentados esperam regularização para ter acesso a crédito
Com a regularização e posterior escrituração dos imóveis, Paraná terá acesso a linha de créditos.
Flávio Paes/Região News
27 de Janeiro de 2019 - 21:52
O paranaense Paulo Cesar de Oliveira é um dos muitos de assentados (a quem calcule que passem de 2 mil só em Sidrolândia) que mesmo sem acesso a crédito, pouco apoio oficial e dos próprios movimentos sociais, mantém produção diversificada.
Junto com outros cinco irmãos (um deles já falecido) há 15 anos se estabeleceram no Assentamento Jiboia, cada um comprando os lotes dos beneficiários originais da reforma agrária.
Há seis anos, Paulo Paraná e outros cinco vizinhos de assentamento firmaram parceria com um grande fazendeiro da região para o plantio de 60 hectares de soja. Por muito tempo complementou a renda obtida com a exploração do lote, trabalhando como tratorista para este produtor. Na safra passada conseguiu colher em média 56 sacas por hectares (média de produtividade do município). Descontados os gastos com plantio (que dividiu com o fazendeiro) lhe restou um lucro líquido superior a R$ 8 mil.
Já foi alvo de fiscalização do Incra, acionado por setores dos movimentos sociais, contrários a parcerias entre assentados e grandes produtores de soja. Felizmente, os técnicos do Incra, deram aval para a iniciativa que hoje se disseminou entre agricultores familiares, não se deixando aprisionar pela retórica ideológica de algumas “pseudos” lideranças.
Com a regularização (para quem estava nos lotes até dezembro de 2015) e posterior escrituração dos imóveis, Paraná terá acesso a linha de créditos (oferecendo o imóvel como garantia) para investir, por exemplo, na compra de equipamentos e implementos agrícolas.
Ele já tem um trator, que usa no preparo da sua lavoura e presta serviços na vizinhança. A produção de soja e milho traz mais resultados que a venda de bezerro e a produção leiteira. “Um bezerro cotado no mercado a R$ 700,00, a gente não consegue vender por mais que R$ 500,00”. O preço do leite também não é rentável (hoje menos de R$ 1,00 o litro).
O caminho para a regularização foi aberto com a lei federal 13.465 sancionada em dezembro de 2017 pelo ex-presidente Michel Temer. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (com aval do presidente Jair Bolsonaro) pretende ter como prioridade a implementação desta legislação.