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Sidrolândia

De olho em 2020, Enelvo vetou manobra para derrotar Carlos Henrique

Enelvo também ignorou outro argumento forte, invocado por tucanos do diretório regional, para que afastasse o PSDB do G-9.

Flávio Paes/Região News

23 de Dezembro de 2018 - 22:50

De olho em 2020, Enelvo vetou manobra para derrotar Carlos Henrique

A eleição da nova Mesa Diretora da Câmara de Sidrolândia, realizada no último dia 14, uniu dois adversários políticos, até então inconciliáveis, divergências alimentadas ao longo de mais de 20 anos de embates. O deputado estadual Enelvo Felini e o ex-vereador David Olindo, por razões diferentes, trabalharam para garantir a eleição do vereador Carlos Henrique para Presidência no biênio 2019/2020.

David, naturalmente, agiu, interessado em viabilizar o projeto de tornar seu filho presidente da Câmara, cargo que ele ocupou por quatro vezes. Garantir o apoio do PSDB foi à alternativa que restou após ter fracassado o alinhamento com os três vereadores do MDB, oferecendo como contrapartida a aprovação das contas do ex-prefeito Daltro Fiuza, referentes a 2008, que tem parecer prévio do Tribunal de Contas pela rejeição.

Já Enelvo, a julgar pelos rumores nos bastidores políticos, vetou as articulações para barrar a eleição de Carlos Henrique, como parte da sua estratégia para voltar a ser candidato a prefeito em 2020. A intervenção do ex-prefeito evitou que o chamado G-9, bloco de sustentação da candidatura de Carlos Henrique, se transformasse em G-7, para isto, bastaria que os dois vereadores tucanos deixassem o grupo.

O ex-prefeito não se animou nem mesmo quando emissários da cúpula regional do PSDB e o deputado estadual eleito, Gerson Claro, garantiram seis votos que dariam à presidência a um dos vereadores do partido, Vilma Felini e Valdecir Carnevalli. Enelvo também ignorou outro argumento forte, invocado por tucanos do diretório regional, para que afastasse o PSDB do G-9.

De olho em 2020, Enelvo vetou manobra para derrotar Carlos Henrique

De olho em 2020, Enelvo vetou manobra para derrotar Carlos Henrique

David Olindo apoiou no segundo turno, o juiz aposentado Odilon de Oliveira, adversário do governador Reinaldo Azambuja que venceu a disputa por uma diferença abaixo de 70 mil votos. O ex-vereador, que no primeiro turno havia apoiado Azambuja, na reta final da disputa, mudou de lado, não se limitando a fazer campanha para o candidato da oposição, Odilon de Oliveira, gravou vídeos e postou nas redes sociais com críticas contundentes não só contra Reinaldo, mas tendo como alvo os coordenadores da campanha do governador, Sérgio de Paula.

Para neutralizar estes argumentos, David tomou a iniciativa de gravar outro vídeo, desta vez, pedindo perdão ao governador e disse que resolveu apoiar o candidato do PDT no segundo turno porque o PSDB em Sidrolândia se aliou ao PT. O presidente da Câmara, Jean Nazareth (adversário político) saiu a campo e pediu voto para Azambuja.

Rivais históricos

Não foi por um gesto de desprendimento que o ex-prefeito decidiu ajudar na eleição de Carlos Henrique, filho do ex-vereador David Olindo que ele (Enelvo) em 1997, primeiro ano do seu primeiro mandato como prefeito, articulou para que fosse cassado por falta de decoro parlamentar.

Segundo fontes ligadas ao ex-prefeito, Enelvo avaliou que com Carlos Henrique na presidência, o prefeito Marcelo Ascoli (PSL) enfrentará dois anos de turbulência na relação com o Legislativo.  Vai precisar de muita negociação para aprovar projetos, especialmente os que exigem quórum qualificado (10 votos).

O primeiro aperitivo já foi dado antes mesmo da nova Mesa Diretora assumir. O G-9, bloco que sustentou a candidatura de Carlos Henrique, obstruiu por dois meses a votação do orçamento. Quando proposta, na última sessão do ano e foi à deliberação do plenário, teve várias emendas que engessarão a execução orçamentária.

Marcelo pediu 35% de suplementação por decreto (como conseguiu em 2017 e 2018), o pedido foi rejeitado e terá de contentar com 10%.  Se quiser maior suplementação, o prefeito precisará de autorização legislativa. Dependerá dos vereadores para fazer qualquer remanejamento de dotação. Passaram emendas que aumentarão em 80% os recursos para subvenção de entidades sociais.

Além de “apostar politicamente” em dias difíceis para o governo Ascoli, o ex-prefeito também não quis abrir espaço para um possível concorrente no PSDB, na indicação do candidato a prefeito do partido em 2020, para isto, de forma sutil convenceu o vereador Valdecir Carnevalli, que pretendia transformar  a presidência da Câmara, numa plataforma para voos políticos mais altos, a apoiar Carlos Henrique.

Já a vereadora Vilma Felini, não quis sofrer o desgaste de construir o caminho para presidência porque, segundo fontes ligadas a vereadora, estaria pensando em abrir espaço para o filho, Enelvo Felini Junior, vice-presidente do diretório municipal.