Sidrolândia
Em Quebra Coco, sorteio de lotes pode ser o embrião do 27º assentamento de Sidrolândia
A Fazenda será vendida por R$ 11,6 milhões, saindo em média R$ 116 mil por família.
Flávio Paes/Região News
10 de Fevereiro de 2019 - 20:46
No último sábado, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais promoveu a reunião de sorteio dos 100 lotes em que será dividida a Fazenda Altos da Boa Vista, proximidades do núcleo urbano. A propriedade deve se tornar o 27º assentamento de Sidrolândia, o quarto na modalidade crédito fundiário. A Fazenda Altos da Boa Vista será adquirida pelas famílias com o financiamento do Banco do Brasil, ao custo de R$ 20 mil o hectare, valor já negociado com o proprietário, Victor Garay. A Fazenda será vendida por R$ 11,6 milhões, saindo em média R$ 116 mil por família.
Elas terão três anos de carência para começar a pagar às 7 parcelas anuais de R$ 6 mil. Cada família terá uma área de 5,8 hectares, mais com possibilidade de explorar 4,56 hectares, porque 20% é reserva legal. Na propriedade já houve criação de gado, mas foi arrendada pela antiga Usina Santa Olinda para o plantio de cana.
Segundo a presidente do Sindicato, Sueli Rodrigues, mais de 120 famílias mostraram interesse em participar do projeto. O desafio agora é assinar toda a documentação, definir o projeto de exploração da área e esperar pela burocracia do banco que não tão ágil assim.
O projeto do crédito fundiário na Fazenda Triângulo, também no Quebra Coco, se arrastou por três anos, desde o sorteio dos 38 lotes, em agosto de 2015, até a entrada na área em setembro de 2016. A energia elétrica só começou a ser instalada em julho do ano passado, 22 meses depois, porque a Prefeitura demorou todo este tempo para abrir os principais travessões.
No Assentamento Triângulo das 38 famílias, pelo menos 15 já transferiram o lote de 4,5 hectares, aproximadamente 20 efetivamente moram na área. Muita gente terá dificuldade para pagar a primeira parcela do financiamento, em torno de R$ 4,5 mil, que vence em novembro. Por falta de licenciamento ambiental para remover algumas árvores que ficam no traçado, o trecho final do travessão de acesso não foi aberto.
Dona Cleusa de Lima reclama que quando chove a estrada fica intransitável porque faltou o cascalhamento. Formam-se poças da água que deixam ilhadas sua casa. Como açude de uma propriedade vizinha extravasa, quem mora em alguns lotes no fundo do assentamento, não tem como passar.
Quem tem uma fonte de renda extra (aposentadoria ou salário do trabalha na cidade), se dedica a produção de leite, queijo, horta e alguns se arriscam a plantar laranja em escala comercial. Dona Cleusa, que mora com o marido aposentado, está satisfeita, porque gosta da vida sossegada no assentamento.
Antes mesmo da energia elétrica chegar, dona Mara Miranda, se estabeleceu. Abriu um poço, comprou gerador de energia e desde então trabalha na produção de leite, mandioca, verdura. Depois da aposentadoria do marido, fechou o salão de beleza em Sidrolândia para se dedicar a vida no campo. Ela conseguiu acesso aos recursos do Pronaf (R$ 25 mil), que usou para cercar seu lote e comprar 10 vacas.