Sidrolândia
Escravo das drogas há 12 anos, rapaz volta às ruas com poucas esperanças de recuperação
Na prática ele não ficou um ano internado numa comunidade terapêutica conforme estabelece a sentença que o absolveu.
Redação/Região News
24 de Julho de 2023 - 14:51
No início do mês, o juiz Ricardo Adelino Suaid decretou a “absolvição imprópria” (termologia jurídica) de F.S.C, de 26 anos. Usuário de drogas desde os 14 anos, com idade mental de uma criança de 11 anos, analfabeto, ele acumula pelo menos 12 passagens pela Polícia por furtos que praticou para financiar o próprio vício.
Embora haja um laudo psiquiátrico e da equipe do CAPES recomendando a internação do rapaz, até agora ele só fez tratamento ambulatorial, além de acumular quase três anos de prisão. Há menos de um ano, na noite de 12 de agosto do ano passado, armado de faca, F.S.C pulou o muro de uma casa na Rua General Malan e tentou arrancar o celular das mãos da moradora, uma idosa de 71 anos, que estava sentada na varanda costurando.
A vítima gritou e em seu socorro vieram o marido e o filho. Eles conseguiram imobilizar o rapaz, mas antes disso, o suspeito feriu os dois. As vítimas reconheceram que vestia roupas furtadas do varal na madrugada anterior. Na época desta frustrada tentativa de roubo, que lhe custou quase 7 meses de prisão, F.S.C ainda estava em tratamento ambulatorial psiquiátrico no CAPS a que foi sentenciado em abril de 2020 quando também foi "absolvido impropriamente".
A sentença foi referente a acusação de uma tentativa de furto que praticou dia 19 de abril de 2017, quando entrou na Conveniência Skina mas acabou sendo surpreendido pelos proprietários que o imobilizaram até a chegada da Polícia. Com ele, a guarnição da PM levava na mochila um notebook, um pendrive e chaves de dois veículos que tinham sido furtados dias antes.
Mais de um ano depois, dia 21 de março de 2018, o juiz Atílio Cesar de Oliveira, instaurou o processo para avaliar a sanidade mental do acusado. Em julho, quatro meses depois, o perito psiquiatra Rodrigo Abdo, diagnosticou o rapaz com o estágio mental de uma criança de 11 anos, deficiência intelectual permanente, agravados pelo múltiplo uso de drogas.
A recomendação foi que ficasse pelo menos um ano internado numa comunidade terapêutica para "desabituação do consumo de drogas". O laudo foi homologado em 12 de novembro de 2019 pelo juiz Daniel Raimundo, mas só produziu efeito em 8 de abril de 2020, quando saiu a sentença absolvitória . F.S.C, deixou a cadeia 8 dias depois, após permanecer dois anos preso, praticamente o tempo de pena que cumpriria pelo furto malsucedido.
Na prática ele não ficou um dia sequer internado numa comunidade terapêutica conforme estabelece a sentença que o absolveu. Diante do insucesso do tratamento ambulatorial (o paciente permanece em uso excessivo de pasta base), a recomendação da equipe multidisciplinar do CAPS é que o rapaz fosse internado numa clínica de reabilitação porque não dava sinais de recuperação.
O laudo foi assinado dia 19 de julho de 2022. Menos de um mês depois, dia 12 de agosto, ele voltou a ser preso após entrar numa casa na Rua General Malan para roubar o celular da moradora, idosa de 71 anos.