Sidrolândia
Família chora a morte de Paulo Mecânico que morreu após 3 horas de intubação
Paulo Mecânico, como era conhecido morreu na terça-feira, por volta das 7 horas, aproximadamente 3 horas após ser intubado no Hospital Elmiria.
Flávio Paes/Região News
07 de Abril de 2021 - 14:06
Se para quem perdeu um ente querido que há 10 dias esbanjava saúde, cumpria sua rotina diária de trabalho, não é fácil superar, imagine o misto de luto, revolta e indignação, a perplexidade da família de Paulo Lopes, 60 anos.
Paulo Mecânico, como era conhecido morreu na terça-feira, por volta das 7 horas, aproximadamente 3 horas após ser intubado no Hospital Elmiria Silvério Barbosa. Na véspera, a filha Laide Souza e esposa, Joseni, ficaram esperançosas, ao assistir pelo celular a live em que o médico intensivista Fábio Luiz, descreveu o quadro geral dos pacientes da ala vermelha e previu alta iminente para seis deles (incluindo Paulo que estava recebendo oxigenação, mas sem necessidade de intubação).
O choque veio na manhã de ontem quando dona Joseni recebeu às 7h32 uma mensagem por WhatsApp para que fosse o mais rápido possível ao hospital, onde teve a notícia de que o companheiro de 30 anos havia morrido. Durante a madrugada da terça-feira seu quadro se agravou. Por volta das 4 horas da manhã Paulo teve de ser intubado, três horas depois morreu.
Laide não consegue entender porque num curto espaço de tempo as condições do pai tenha se alterado de um extremo a outro.
“A gente só queria saber o motivo desta intubação. Um paciente que está bem às 6 horas da tarde, com início do processo de desmame para respirar, como às 4 horas da manhã precisa intubar?”, questiona.
Paulo estava internado desde o último dia 27, com diagnóstico inicial de pontada pneumonia. Na sexta-feira, dia 26, procurou atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) onde testou negativo e pernoitou. No sábado, dia 27, quando a morte de 3 pacientes abriu vaga no hospital, Paulo foi internado, sendo levado para a ala Covid.
Sempre se comunicava por vídeo com a família, mostrando confiança que voltaria pra casa e à rotina de trabalho na nova oficina na Rua Mato Grosso, inaugurada duas semanas antes de ter os primeiros sintomas. Paulo morava há 24 anos em Sidrolândia, vindo de Campo Grande, onde por 23 anos trabalhou na Comercial Tucano.
Exerceu seu ofício por 47 anos, ensinou os dois filhos o oficio e um afilhado, hoje dono da sua própria oficina, além de muitos outros companheiros de trabalho. “Ele sempre foi o melhor pai do mundo. Um homem com um coração que não cabia no peito”, diz emocionada a filha Laide.
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