Sidrolândia
Terceirizadas da JBS são denunciadas por impor condições precárias de trabalho
As denúncias foram desmembradas em dois processos diferentes, que estão em fase de coleta de informações.
Redação/Região News
19 de Julho de 2023 - 15:15
Uma ação trabalhista corre na 6ª Vara do Trabalho de Campo Grande desde 11 de julho, contra três empresas terceirizadas – Antônio da Costa Domingues - ME, Milene da Costa e Delnero Deneval Marques Domingues – e a própria JBS.
Entre as supostas irregularidades relatadas ao Ministério Público do Trabalho estão a falta de registro de funcionários; pagamento das férias em desacordo com a legislação; e levantamento de peso de 44 quilos em média, que é superior ao recomendado.
As denúncias foram desmembradas em dois processos diferentes, que estão em fase de coleta de informações. É avaliada instauração de inquérito civil, conclui o MPT. Há queixas de jornada diária de 12 horas de trabalho, alojamento precário onde os trabalhadores dormiam em colchões e comiam apenas arroz e frango.
"São condições degradantes gritantes", disse o presidente do Sindaves (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Aves) de Sidrolândia, Joel Santos da Cruz, que recebeu os relatos e afirma ter visto de perto toda a situação. Segundo soube o líder sindical, todos foram retirados do local no dia seguinte à visita.
A função principal dos trabalhadores é pegar e carregar galinhas em caixas, explica Joel. Entre eles, a maioria é indígena terena e mora em aldeias que ficam a aproximadamente 30 quilômetros do alojamento, e também em outras ainda mais distantes, localizadas no município Dois Irmãos do Buriti.
Em nome dos trabalhadores, o Sindaves pede providências quanto às supostas irregularidades, pagamento de adicional de insalubridade e condenação das envolvidas à pagar indenização de R$ 400 mil em danos morais aos trabalhadores contratados atualmente e os que atuaram ali nos últimos cinco anos.
O sindicato fez pedido liminar, alegando que as condições possuem elementos de trabalho análogo a escravidão, e pedindo providências imediatas sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
Outro lado
Em nota, a Seara afirma adotar rígidos protocolos e controles em suas operações e em relação aos seus fornecedores. Quanto ao caso de Sidrolândia, informou que exigiu dos fornecedores terceirizados o cumprimento imediato "de todas as regras trabalhistas, incluindo alojamentos", assim que soube da situação.
A empresa assegura, ainda, inspecionar o que é feito pelos fornecedores. "Adicionalmente são realizadas vistorias técnicas, para verificação de todo o processo de apanha e da regularidade das empresas prestadoras de serviços", acrescentou.
Também no MPT
O MPT (Ministério Público do Trabalho), por meio da assessoria imprensa, afirma também ter recebido denúncias quanto a empresas terceirizadas, a Antônio da Costa Domingues e Milene da Costa, "dando conta de supostas irregularidades quanto ao descumprimento de legislação relacionada ao pagamento das férias de seus funcionários e de normas relativas à segurança do trabalho".