SIDROLÂNDIA- MS
Com ajuda do neto, aos 64 anos, dona Luiza escava tanques de piscicultura no Alambari
Tendo apenas enxadas e pás, ela já abriu dois tanques (cada um de 42 metros, sendo 6 de profundidade), um deles já tem mil tilápias.
Redação/ Região News
05 de Maio de 2024 - 19:23
Enquanto a publicidade oficial martela diariamente apoio do Governo a agricultura familiar com crédito a juros baixos, assistência técnica e políticas de fomento, na vida real de muitos assentados toda esta propaganda é um faz de conta.
Este cenário é parte da rotina de assentados como dona Luiza Dias, 64 anos, que mora no Assentamento Alambari com o marido, José Dias, que está adoentado, cuida de dois netos, um de 7 e outro de 13 anos, acha tempo e energia para cumprir com as tarefas da casa e há 8 meses se lançou numa nova empreitada, abrir tanques para criação de peixe. Tendo apenas enxadas e pás, ela já abriu dois tanques (cada um de 42 metros, sendo 6 de profundidade), um deles já tem mil tilápias em processo de engorda, o segundo está à espera de ser povoado com alevinos de pacu que ela nem tem ideia onde conseguirá dinheiro para comprar. Com o marido doente, sem condições de trabalhar, com a perda do bolsa família, o casal sobrevive com os dois salários mínimos que recebem da aposentadoria.
"Um vizinho me deu alguns poucos alevinos de tilápia que se multiplicaram e hoje algumas já tem tamanho suficiente para pegar no anzol e comer no almoço". Para garantir a oxigenação da água e garantir a sobreviva dos peixes, colocou mudas de uma planta aquática.
Dona Luiza conta com ajuda do neto Izaac Henrique de Souza, que faz o 7⁰ ano na Escola Leonida da Rosa Balbuena, no Assentando Jibóia, onde estuda em tempo integral. Ele chega por volta das 17 horas e se "exercita" cavando o terceiro tanque com enxadão.
Dona Luiza e o marido chegaram em 2007 ao assentamento, com duas filhas. Por muito tempo o casal se dedicou à produção de leite. Com os preços baixos, combinada a dificuldade financeira para renovar a pastagem e comprar vacas leiteiras com maior produtividade, foram vendendo o gado e só restaram duas vacas que não estão em fase de lactação.