SIDROLÂNDIA- MS
Escola Estadual Paulo Firmo forma 1ª turma de técnicos Agropecuários e inicia estágios em 2025
São 10 alunos que, além de concluírem o Ensino Médio, receberam formação técnica profissionalizante, certificada pelo CEPA (Centro de Educação Profissional de Aquidauana).
Redação/Região News
06 de Dezembro de 2024 - 13:26
O projeto Educação no Campo, iniciado em 2022 na Escola Estadual Paulo Firmo, localizada no Assentamento Eldorado, celebra a formatura de sua primeira turma de Técnicos Agropecuários neste ano. São 10 alunos que, além de concluírem o Ensino Médio, receberam formação técnica profissionalizante, certificada pelo CEPA (Centro de Educação Profissional de Aquidauana). Essa formação representa não apenas uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho, mas também um meio de contribuir com as atividades produtivas de suas famílias, agricultores assentados na região, na exploração produtiva dos lotes conquistados no processo de luta pela reforma agrária.
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De acordo com o diretor da escola, Jorge Estevão Barbosa, os formandos iniciarão estágios obrigatórios em 2025 em empresas agropecuárias. Cinco deles serão remunerados e há grandes chances de efetivação após os seis meses de estágio. O curso, composto por seis módulos, dois por semestres, abrangeu três áreas principais: agricultura, pecuária e administração rural. Além das aulas teóricas e avaliações online realizadas pelo CEPA, os estudantes colocaram o aprendizado em prática cultivando uma horta experimental, espelhada na realidade de muitos pais que dependem da terra para o sustento familiar.
No Assentamento São Pedro, outra unidade polo da Escola Paulo Firmo, 28 alunos estão concluindo o primeiro ano do curso técnico. Essa unidade funciona em um prédio que abrigava uma antiga escola municipal desativada há 10 anos. O projeto é coordenado pela professora Clayse Ariane, técnica agrícola formada em Maracaju, com graduação em pedagogia e cursando matemática. Ela chegou ao assentamento São Pedro aos 5 anos de idade acompanhando os pais que na época conquistaram pela reforma agrária o lote onde hoje se dedicam a horticultura. Estudou o Ensino Fundamental na antiga EFASIDRO (Escola da Família Agrícola),que funcionava no Assentamento Capão Bonito 1.
Produção agrícola e apoio comunitário
Com apoio da Prefeitura que cedeu cama de frango e de produtores locais, que cederam implementos agrícolas para ajudar na preparação do solo, formação dos canteiros e plantio, os alunos do curso técnico já colheram uma variedade de hortaliças (foram colhidos 500 pés de alface, por exemplo), como alface, tomate, couve e repolho, além de frutas como melancia. A produção foi destinada ao consumo dos próprios estudantes na merenda escolar. A partir de 2025, o projeto será ampliado com práticas como piscicultura, criação de frangos e suínos, diversificando o aprendizado e as possibilidades produtivas.
A professora Clayse acredita que o projeto é um marco no enfrentamento dos desafios atuais enfrentados pelos assentamentos. Muitos agricultores familiares têm arrendado suas terras para o cultivo de soja, enquanto outros, que permanecem na atividade, sofrem com falta de mão de obra e assistência técnica da Agraer. A formação técnica pode ajudar a reverter esse cenário e também reduzir o êxodo de jovens para as cidades em busca de emprego e educação.
Desafios da Educação no Campo
Os dados do Ministério da Educação mostram uma redução significativa nas matrículas em escolas rurais da região: de 698 alunos em 2017 para 564 em 2023, uma queda de quase 20%. Além disso, o índice de evasão é preocupante, com 9,5% dos estudantes do 2º ano abandonando os estudos em 2023.
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Com cerca de 400 alunos, a Escola Paulo Firmo segue sendo um exemplo de como a integração entre educação formal e formação técnica pode transformar a realidade das comunidades rurais e fortalecer o vínculo dos jovens com a terra e a agricultura familiar.