SIDROLÂNDIA- MS
Médico diz que menino sobreviver a mais de 1.100 picadas de abelha é caso raríssimo
O garoto está internado no Hospital Regional de Campo Grande e, segundo o médico, necessitou de ventilação mecânica e até hemodiálise.
Redação/Região News
12 de Dezembro de 2024 - 10:57
O menino que, no último dia 1º de dezembro, foi atacado por um enxame de abelhas em um assentamento em Sidrolândia e sobreviveu a mais de 1.100 picadas é considerado um caso raríssimo de resistência. Normalmente, mais de 100 picadas são fatais para crianças e 500 para adultos.
O vereador e ex-secretário de Saúde de Campo Grande, médico toxicologista Sandro Trindade Benitez, atribuiu a sobrevivência da criança ao atendimento imediato. “Graças ao suporte avançado de vida, UTI, e à presença do Ciatox, ela sobreviveu”, descreveu o profissional.
O garoto está internado no Hospital Regional de Campo Grande e, segundo o médico, necessitou de ventilação mecânica e até hemodiálise. De acordo com Benitez, “centros de intoxicação do Brasil inteiro participaram do tratamento. É uma sobrevivente”, comemora.
Chefe do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) há cerca de duas décadas, Sandro Benitez afirma não se lembrar de algo semelhante. “Lá por volta de 2010, um militar de 22 anos foi vítima de cerca de mil picadas próximo a Miranda. Recebeu todo o tratamento necessário, mas acabou falecendo.”
Embora não existam registros oficiais, Benitez acredita que a sobrevivência do menino seja algo único. Em contatos com outros Ciatox pelo país, ninguém tinha conhecimento de uma criança que sobrevivesse a um ataque tão intenso.
Sobre a contagem das picadas, ele garante que os enfermeiros que atenderam o menino registraram cada uma delas. “Acho que foram 1.104, se não me falha a memória”, relatou.
A família do menino mora em Campo Grande e, no último domingo (1º), estava em um sítio em Sidrolândia. Após o ataque, o pai levou a criança imediatamente à UPA do Jardim Leblon, em Campo Grande. Depois do primeiro atendimento, ela foi transferida para o Hospital Regional, referência para casos como este.
A criança chegou consciente ao hospital, mas foi entubada horas depois, pois o veneno das abelhas provoca inchaço das traqueias. Se o procedimento não for realizado em até 12 ou 18 horas, as vias respiratórias se fecham, impossibilitando a oxigenação e levando à morte.
O veneno também afetou o funcionamento dos rins, obrigando o menino a passar por hemodiálise. Essas medidas, adotadas logo no início do tratamento, foram fundamentais para salvar sua vida, explica Sandro Benitez.
Nesta quarta-feira (11), o menino continuava internado e sem previsão de alta, mas já respira sem ajuda de aparelhos e recuperou a consciência, embora ainda esteja bastante sonolento.
O pai, Célio, não quis entrar em detalhes sobre o caso. Disse que ainda estava muito abalado e que falaria quando o menino estivesse totalmente recuperado. No entanto, afirmou por meio de um áudio enviado por aplicativo: “Deus já fez o milagre, e por enquanto estamos esperando o momento de Deus. Assim que acontece, milagre a gente precisa ver para crer.”
Aumento na incidência
Sandro Benitez destaca que os ataques de enxames de abelhas estão se tornando cada vez mais comuns em Campo Grande e no interior do Estado. “Ataques de abelhas são bem mais frequentes do que de aranhas, quase alcançando o número de ataques de serpentes. A africanização das abelhas na década de 60 fez com que elas ficassem mais agressivas e territorialistas, atacando em maior número.”