No Santa Terezinha, após 23 anos, agroindústria vai sair da informalidade

Num assentamento onde a maior parte das 64 famílias contempladas em 2001 pela reforma agrária com lotes já foi embora, vendendo o direito de posse ou se rendeu ao arrendamento para plantio de soja e milho, o sítio de dona Janise Soares é uma trincheira de resistência da agricultura familiar. Ela e o marido vendem para merenda escolar e nas feiras a produção de verduras e legumes colhida em um hectare de horta.

A produção diária de 50 litros de leite, obtida com a ordenha de 6 vacas, serve de matéria-prima para a produção de doce que há 20 anos ela produz e comercializa de forma informal na feira das sextas-feiras e de porta em porta.

Com a ajuda dos técnicos da Agraer e apoio da Prefeitura mês que vem, dona Janise espera receber autorização do Serviço Municipal de Inspeção para vender no comércio sua produção semanal de 100 peças de doce de leite em potes e barras, do "Delícias da Janise".

Desde que chegou ao assentamento com a família em 2001 (o marido e os 4 filhos), após um ano de acampamento, ela se dedica a transformar o leite em queijo, requeijão e doce.

Ano passado pensou em desistir da atividade porque não conseguia atender as exigências para sair da informalidade. Incentivada por uma técnica da Agraer, reformou o espaço onde sempre trabalhava, construiu uma sala para o descanso e embalagem dos doces.

Nos próximos dias um fiscal da Prefeitura vai inspecionar o espaço antes de autorizar o selo de inspeção municipal. Com o selo, os doces de dona Janise poderão ser comercializados não só em Sidrolândia, mas também em Campo Grande no comércio de municípios vizinhos.

O sítio de dona Janise recebeu na semana passada uma delegação de 30 produtores da Europa e até da Oceania que veio conhecer três agroindústrias em funcionamento nos assentamentos de Sidrolândia. Por duas horas eles visitaram o lote e puderam degustar as delícias derivadas do leite que a agricultora familiar produz.