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Sidrolandia

Cresce pressão sobre autoridades perante erros do Love Parade

Os partidos democratas-cristãos (CDU e CSU) já solicitaram investigações independentes

EFE

27 de Julho de 2010 - 07:36

Dois dias depois da tragédia do festival de música eletrônica Love Parade de Duisburg (oeste da Alemanha), cresce a pressão sobre a Prefeitura, a Polícia e os organizadores pelos erros judiciais na segurança da festa.

Em Duisburg, cidade na qual aconteceu a tragédia de sábado, diversas revelações colocaram a Prefeitura, a Polícia e os organizadores, acusados de autorizar o evento em que 19 pessoas morreram, oito dos quais estrangeiros, em uma situação incômoda.

O site do semanário "Der Spiegel" destacou hoje que vários protocolos de segurança não foram observados. Ontem foi divulgado que bombeiros tinham advertido há meses sobre a insegurança do local escolhido para o festival.

De acordo com o "Der Spiegel", os organizadores do Love Parade não observaram a largura mínima prevista para o acesso e saída de emergência. Além disso, o site destaca que tinha ficado claro no relatório preliminar que nesse recinto só poderiam ser autorizadas concentrações de até 250 mil pessoas.

Algumas vozes críticas ressaltaram que uma cidade com pouco mais meio milhão de habitantes e sem locais para acolher festas grandes, como sempre foi o Love Parade, deveria ter recusado receber este evento, como a vizinha Bochum, com características semelhantes, fez ano passado, precisamente por não se sentir em condições de oferecer a segurança necessária.

Apesar disso, Duisburg autorizou a festa nesse lugar para economizar nos custos de segurança, já que buscar um local maior implicava aumentar o contingente policial, segundo o presidente do sindicato policial, Rainer Wendt.

Uma das grandes incógnitas continua sendo o número de participantes - enquanto os primeiros números divulgados pelos organizadores falam de 1,4 milhões de pessoas, os responsáveis de segurança falam de um máximo de 300 mil.

No domingo o prefeito de Duisburg, Adolf Sauerland, que defendeu o plano de segurança do Love Parade, sofreu agressões e insultos ao se aproximar do lugar da tragédia.

Em meio a tensão o Governo da chanceler Angela Merkel pediu que não sejam tiradas conclusões precipitadas sobre os fatos de Duisburg até que não sejam obtidas informações e análises completas do ocorrido. Os partidos democratas-cristãos (CDU e CSU) já solicitaram investigações independentes.

É preciso "esclarecer até as últimas consequências o ocorrido", enfatizou o porta-voz do Governo, Ulrich Wilhelm, que depois pediu a todas as partes envolvidas - Polícia, promotoria, organizadores e autoridades de Duisburg - que contribuam com as investigações.

Wilhelm lembrou o compromisso da chanceler Merkel com o esclarecimento da tragédia e anunciou, além disso, que a questão será analisada em breve em uma conferência entre os ministros de Interior, os titulares do Governo federal e dos "Länder" (como são conhecidos os departamentos do país).

A promotoria de Duisburg, que anunciou ontem a abertura de uma investigação por suposto homicídio por negligência, prosseguiu hoje com as declarações de testemunhas e especialistas, para saber se existiram tais erros judiciais de segurança.

Enquanto isso, a Polícia de Duisburg modificou o balanço de feridos do sábado, elevando para 511 pessoas - frente as 342 informados no domingo-, das quais 283 tiveram que ser hospitalizadas.

Um dos feridos ainda está entre a vida e a morte, enquanto outras 43 pessoas permanecem hospitalizadas.

Com o passar do tempo a Love Parade, nascida em 1989 em Berlim, passou a ser a maior festa tecno do mundo. No entanto, após a tragédia de sábado os organizadores decidiram não realizar mais o festival.

A cidade de Gelsenkirchen, que iria receber o Love Parade em 2011, comemorou a decisão.

        "É correto que após a catástrofe de Duisburg a festa deixe de acontecer. No futuro ela sempre estaria denegrida pelo ocorrido", declarou o porta-voz da Prefeitura, Martin Schulmann.