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Sidrolandia

"Eleitor ficou sem opção e refém dos corruptos", diz Passaia

O eleitor não teve muitas opções para votar, o que justifica a quantidade de votos nulos e brancos”, destacou.

Dourados Agora

04 de Outubro de 2010 - 13:45

Autor das denúncias que levaram para a prisão o prefeito Ari Artuzi, o vice Carlinhos Cantor, primeira dama, vereadores e secretários, o jornalista Eleandro Passaia acredita que o povo ficou refém da corrupção. “O eleitor não teve muitas opções para votar, o que justifica a quantidade de votos nulos e brancos”, destacou.

Ao Douradosagora, que acompanhou as votações de autoridades e candidatos durante todo o dia de ontem em Dourados, Passaia disse que utilizou como critério para votar o quesito honestidade e capacidade técnica para ocupar o cargo. “Não votei em bonzinhos. Candidatos assistencialistas, que dão ajuda em troca de voto, como pagar uma conta de luz ou água, ou que oferecem brindes, ficaram de fora da minha lista. Votei em pessoas que considero honestas e para isso avaliei toda a sua história”, destaca, observando que não votou em nenhum dos envolvidos.

Passaia revela que em uma das opções chegou a votar em branco. “Por conhecer todas as opções e vivenciar atos de corrupção em ambos os casos, não me restou outra decisão”, lamentou.

O jornalista disse que o que o motivou a votar foi a sua conduta de cobrança e por acreditar que todos devem cumprir seu dever de cidadão. Ele avalia o resultado da Operação Uragano como positiva por alertar o cidadão sobre o que acontece no poder público. “Seria uma chance dele se conscientizar de uma vez por todas e fazer a diferença na hora de votar. Porém enquanto o voto for moeda de troca nada vai mudar”, reclama.

FUTURO

Com a vida em risco, já que é a única testemunha de acusação do caso Uragano, contra 60 indiciados, Passaia vive hoje ladeado de seguranças, uma determinação da Polícia Federal, já que ele integra o programa de proteção a testemunhas.

Passaia acredita que com o tempo poderá conquistar a rotina normal e voltar a ser jornalista. “Já tenho alguns convites e assim que puder, vou voltar a exercer a minha profissão”, adianta.

Questionado sobre pretensões políticas, ele nega qualquer intenção. “Uma coisa que me intriga e sempre me perguntam é quem está por trás desta minha decisão. As pessoas de bem não precisam de um motivo extra para fazer o bem. Fiz tudo o que fiz porque achava que era certo. Caso contrário não estaria aqui, desta maneira”, esclarece.

Passaia diz que tira da operação uma lição de vida. “Hoje consigo entender melhor a política e tenho muito mais condições de detectar este sistema que corrompe, onde a população é a mais prejudicada e mesmo assim se cala e volta a eleger os mesmos corruptores”, destaca.

Questionado sobre as gravações e se o prefeito Ari Artuzi sabia delas, já que aparece orientando Passaia sobre como fazer, ele disse que tudo não passou de uma coincidência. “Ele (Ari), queria que eu fizesse de fato alguns vídeos para ameaçar os vereadores quando eles viessem cobrar dinheiro em troca de apoio. Quando este pedido foi feito eu já estava sob orientação da Polícia Federal. Já tinha denunciado todo o esquema de corrupção”, detalha.

Eleandro Passaia chegou na Escola Reis Veloso por volta das 14h, acompanhado de um guarda costas. Por questões de segurança, foi orientado por oficiais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a não ficar na fila. O jornalista votou rapidamente, foi cumprimentado por populares que estavam no local e deixou a escola informando que sairia da cidade