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Sidrolandia

Mel Lisboa vive ‘mulher alterada’ dos quadrinhos de Maitena no teatro

Tira criada pela autora argentina ganha peça que estreia dia 16, em SP. Luiza Thomé e Daniele Valente completam o elenco da adaptação da HQ.

G1

08 de Julho de 2010 - 16:45

Sucesso editorial dos quadrinhos, a tira "Mulheres alteradas", da argentina Maitena, ganhará pela primeira vez uma adaptação para os palcos. Com direção de Eduardo Figueiredo, as atrizes Mel Lisboa, Luiza Thomé e Daniele Valente darão vida à série de personagens femininas à beira de um ataque de nervos à partir do próximo dia 16, no teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.

"Eu já era superfã da Maitena antes de receber o convite para a peça. Que mulher não se identifica com os temas dos quadrinhos dela?", diz Mel. "Tem aquele clássico do namorado perguntar se está tudo bem e a garota responder que sim, mas com um bico enorme de raiva porque ele não percebeu o corte de cabelo novo".

Além do namorado distraído, outras situações recorrentes na HQ feminina, como o desespero com os quilinhos a mais, a fúria na TPM, o rombo no cartão de crédito e a mágica para cuidar dos filhos e da carreira foram condesados em 80 minutos de espetáculo. O texto é assinado por Andrea Maltarolli, autora de novelas morta em 2009, aos 44 anos, em decorrência de câncer.

"Tivemos um jantar com a Maitena e ela aprovou a adaptação da Andreia, que foi extremamente fiel à tira e soube traduzir a linguagem", explica o produtor do espetáculo, Maurício Machado.

Maitena
'Mulheres alteradas': HQ feminina de Maitena é
sucesso editorial. (Foto: Divulgação/Editora Rocco)

As alteradas (e o alterado)
Apesar de nos quadrinhos as personagens de "Mulheres alteradas" não terem nomes e raramente se repetirem, na peça Mel interpreta Lisa, moça divorciada, mãe de um filho, que funciona como fio condutor da história. "Em algumas cenas ela fala com o público, faz àz vezes de narradora e ressalta esse humor da Maitena", conta a atriz.

Luiza Thomé e Daniele Valente se revezam em várias personagens cômicas. Mas sempre voltam as melhores amigas de Lisa, Norma e Alice.

Acostumada à comédia - ela autou nos humorísticos "Zorra total" e "Escolinha do professor Raimundo" - Daniele conta que ultimamente "tentava experimentar outros tipos de personagem". "Juro que tentei fugir do humor. Mas foi impossível resistir à Maitena, ainda mais no teatro!", empolga-se. "Para um ator, o teatro é a volta para casa. A televisão e o cinema são viagens interessantes".

Luiza, que não fazia uma peça há 12 anos, também comemora. "Os ensaios, as provas de figurino, as marcações de cena... tudo está sendo delicioso. Estou de férias da televisão, e não poderia haver folga melhor do que no palco", garante a atriz, que atualmente compõe o time de atores da Rede Record. 

Entre as mulheres alteradas em cena, há apenas um ator, André Bankoff. É ele quem se reveza no papel do namorado que às vezes pisa na bola, o professor da academia, o filho adolescente,  o ex-marido que insiste em se manter por perto.

Mulheres alteradas
André Bankoff: o único 'alterado' no elenco feminino
do espetáculo. (Foto: Divulgação)

"Estou adorando o texto, a Maitena me ajudou a entender a mensagem subliminar que há num olhar torto de uma mulher contrariada. Acho que estou me tornando um homem alterado", brinca o ator.

Do quadrinho para o teatro
A linguagem pop dos quadrinhos raramente ganha adaptações teatrais, como acontece com frequência no cinema. Maurício Machado, produtor de "Mulheres alteradas", diz entender os motivos.

"É complicadíssimo transportar aquele dinamismo e o visual em quadros das HQs para o palco. Em vídeo é menos penoso chegar a um bom resultado", compara.

Segundo o produtor, jogos de luz e cenas curtas foram alguns dos artifícios usados pela direção do espetáculo. "Não digo que são esquetes, mas são cenas que se resolvem rapidamente. Isso garante um tempo de humor interessante e que garante um resultado mais dinâmico". 

Uma banda formada por três musicistas reproduz onomatopeias próprias das HQs. "Sabe aqueles 'boom', 'poft', 'bam' dos quadrinhos? Pois é, as meninas fazem esses barulhos em algumas das cenas. E nós também fazemos umas coreografias, bem engraçadas", conta Mel.