Líder indiscutível da Igreja Católica em Cuba, o cardeal Jaime Ortega, de 73 anos, de sorriso permanente e modos suaves, possui mão firme e paciência de Jó, que lhe valeram a chave das prisões políticas da ilha.
Sacerdote aos 28 anos, bispo aos 34, recebeu o título cardinalício aos 58 do papa João Paulo II. O segundo cardeal na história de Cuba estabeleceu um diálogo sem precedentes com o presidente Raúl Castro no último dia 19 de maio sobre presos políticos e outros assuntos internos.
Ortega destacou que o diálogo deve acontecer "entre os cubanos"; desaprovou a hostilidade de seguidores do governo com as Damas de Branco, uma organização que reúne parentes de presos políticos.
Este é o reconhecimento do trabalho paciente de Ortega, que levou a Igreja de Cuba a trocar o confronto pelo diálogo e a clausura de sacerdotes por pequenos papéis sociais durante a forte liderança de Fidel Castro.
Entre suas cicatrizes guarda o fato de ter feito o serviço militar em 1967, interrompendo seu ministério sacerdotal, nas chamadas UMAP, unidades para onde o Estado ateu enviava os religiosos, homossexuais e desempregados.
A medalha de ouro do seu ministério de sucesso foi a visita do papa João Paulo II a Cuba em 1998.
Acostumado a andar nas águas turbulentas das relações entre a Igreja, a única instituição legal distante do governo comunista ideologicamente, ele também se tornou arcebispo de Havana e interlocutor e porta-voz excepcional das decisões oficiais sobre prisioneiros.
Quando jovem, com um rosto que lembrava o de Marlon Brando, estudou no Canadá e foi inserido em uma igreja com a ajuda financeira dos Estados Unidos.