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Economia

Preço do milho em alta eleva projeções para safra seguinte

Após as secas registradas em abril que afetaram principalmente a região Centro-oeste brasileira, a colheita prossegue mais lenta que o ano anterior

DCI - Diário do Comércio & Indústria

29 de Julho de 2011 - 15:00

Após o milho estabelecer preços mais altos este ano, dado principalmente aos problemas climáticos que a safrinha enfrentou nos grandes polos produtores do País, a expectativa para a próxima safra do cereal não poderia seguir um histórico diferente e a safra 2011/2012 deve ter um incremento de 5,2% no volume. Os valores do grão neste ano devem seguir em alta, mesmo se a quebra de safra for menor, uma vez que a relação entre a oferta e a demanda segue bastante apertada.

Após as secas registradas em abril que afetaram principalmente a região Centro-oeste brasileira, a colheita prossegue mais lenta que o ano anterior. No Mato Grosso, a colheita atingiu a marca de 66,8% neste mês de julho, contra os 86,4% do mesmo período do ano anterior. A expectativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é que até o final de agosto a colheita seja concluída. "Com o avanço da colheita em diversas regiões começamos a confirmar a quebra de produtividade que esperávamos após a seca. E devemos mesmo fechar com uma produção de 6,7 milhões de toneladas, contra os 8,4 milhões do ano passado", frisou o pesquisador da entidade, Otávio Celidônio, ao DCI.

No Paraná, as incertezas quanto a produtividade e o tamanho da quebra de safra por conta das fortes geadas que afetaram o estado no final de junho ainda limitam os volumes de comercialização do produto no País inteiro, mantendo os preços aquecidos neste período de colheita.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), enquanto as quebras de safra não se confirmarem os negócios devem seguir mais lentos para o milho. "Apesar do retorno dos compradores nesta ultima semana, os volumes comercializados ainda são pequenos e não muito expressivos. Acredito que isso se dá pelo atual momento de incertezas em relação ao volume final da safrinha de milho Brasil. A segunda metade da colheita desta safrinha com certeza sofreu os impactos da seca de abril, e das geadas de junho, e com isso os compradores seguem retraídos à espera de uma resolução final", garantiu o analista do mercadoLucílio Alves.

Para Alves, mesmo que o País não sofresse com o clima e a safra corresse normal, os preços seguiriam mais elevados dado principalmente a relação mais estreita entre a oferta e a demanda. "Mesmo se a quebra de safra não for do tamanho previsto, os preços devem seguir em um patamar estável, pois a relação oferta e demanda segue bastante equilibrada, precisaríamos de alterações muito grandes para realmente mexer no preço. Mesmo se por um milagre não tivesse perda nenhuma ainda assim o ritmo de exportação ajudaria a manter o preço", comentou ele.

Por fim o pesquisador do Cepea contou que os produtores também não estão ofertando grandes quantidades neste momento, visto que a comercialização da soja estava bastante acelerada, abrindo mais espaços nos armazéns e gerando renda aos agricultores. "Como o ritmo de venda da soja foi bastante grande, e isso liberou em parte os armazéns, o vendedor não passa por nenhuma pressão, ou necessidade de caixa nesse momento. As dívidas também só irão vencer mais à frente. Então, sem pressão, a busca por novas vendas também não é grande", disse Alves.

Com a expectativa de preços elevados o ano inteiro, o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, prevê uma safra de milho maior no ano que vem. Agora, a expectativa começa a refletir também a tendência de plantio no Brasil para 2011/2012. O relatório de intenção de plantio da consultoria aponta uma expansão de plantio da ordem de 5% na safra de verão. "Com uma ótima comercialização em 2011, os produtores estão tendendo a optar pela melhor tecnologia e isto trará bons sinais para a produtividade na safra de verão. Um plantio de safrinha apenas normal no próximo ano, com crescimento de 5,4%, tende a refletir o quadro favorável de preços em 2011 e o perfil de plantio da soja possivelmente mais precoce a partir de setembro. Estas duas configurações nos levam a uma safra potencial de 61,8 milhões de toneladas para 2012", avalia o analista.

Segundo ele, o clima seguirá preocupando os agricultores brasileiros no ano que vem, dado que o fenômeno La Niña deve permanecer até o mês de abril do ano que vem. "Naturalmente, o fator clima continuará preponderante e novamente em um ano de La Niña, já que os mapas climáticos vão confirmando a permanência do fenômeno até abril do próximo ano, pelo menos. De forma geral o sul e o sudeste devem ampliar suas áreas na safra principal, e o centro oeste na safrinha", finalizou Molinari.