Mato Grosso do Sul
Onda de calor faz disparar número de queimadas em MS
Em quatro dias, focos de incêndio subiram de dois para 111 no Estado
Correio do Estado
10 de Setembro de 2019 - 16:27
A onda de calor e o tempo seco que persistem sobre o Estado desde o fim de semana têm feito o número de focos de queimadas subir novamente em Mato Grosso do Sul. Conforme relatório do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no dia 4 de setembro, foram registrados apenas dois focos de queimadas no Estado. Já na quinta-feira (5), houve 27 focos, que aumentaram para 234 no sábado (7) e 111 no domingo (8). Ao todo, foram registrados 477 focos durante oito dias do mês de setembro, o que representa 19% da quantidade de todo o mês passado.
De acordo com o coordenador do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) em Mato Grosso do Sul, Márcio Yule, a situação mais crítica é na reserva Kadiwéu, entre Porto Murtinho e Bodoquena, no Pantanal. O último relatório disponibilizado pelo Inpe mostra 20 pontos de queimadas na região. A área tem 30 brigadistas treinados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, mas, mesmo assim, há uma preocupação com o avanço dos incêndios.
O Inpe também registrou quatro focos de queimadas na terra indígena Taunay/Ipegue, em Aquidauana, uma queimada na reserva Buriti, entre Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, e outra na terra indígena Cachoeirinha, em Miranda.
Segundo Yule, também há ocorrências de queimadas em Corumbá, com incêndios concentrados da BR-262 até a fronteira com a Bolívia, outro próximo ao Rio Paraguai, em Porto Murtinho, na Estrada Parque, na região do Porto da Manga e Nabiléque. “Preocupa bastante, porque a umidade está muito baixa, temperaturas altas e não há previsão de chuva, isso tudo favorece o fogo sem controle. Há uma suspensão da emissão de autorização de fogo controlado dentro do Pantanal até o fim de outubro, e fora do Pantanal está proibido até o fim deste mês. A gente tem atuado no combate diuturnamente; mês passado, foram mais de 130 combates, então, é uma situação bastante crítica, mas as brigadas têm feito o seu papel”, explicou.
Ainda segundo o coordenador, o Estado conta com cerca de 100 brigadistas, distribuídos em cinco equipes, presentes nas reservas indígenas Kadiwéu, Limão Verde e em Corumbá. “Os meses mais críticos em MS são agosto e setembro, e de um tempo para cá, o mês de setembro tem sido mais crítico que o de agosto, inclusive. Por isso que preocupa. Mês passado, a gente já teve muitos focos e agora estamos no mesmo caminho”, disse.
Em Campo Grande, o fogo tem atingido terrenos baldios e áreas de pasto. Na tarde de ontem, moradores do Bairro Morada do Sol tiveram de recorrer a baldes para impedir que as chamas se aproximassem das casas. Eles reclamaram que haviam acionado o Corpo de Bombeiros, mas nenhuma unidade compareceu ao local.
PREVISÃO
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, o clima seco deve continuar até quarta-feira. As temperaturas permanecem em gradual elevação e devem chegar a 43°C no norte e Pantanal e a 40°C na Capital.
Nos próximos dias, persistem as condições meteorológicas de forte subsidência (alta pressão, que promove o movimento descendente de ar de níveis superiores à superfície, inibindo o desenvolvimento de nuvens de chuva convectiva).
Hoje, a temperatura mínima alcança 19ºC e a máxima chega a 42ºC no Estado. Na quinta-feira, um cavado de baixa pressão atmosférica começa a promover aumento de nebulosidade a partir do sudoeste e sul de MS, com chance de chuva isolada nestas áreas. Na sexta-feira, persiste a nebulosidade no sul e sudoeste do Estado. No Nordeste, a umidade relativa do ar atinge valores inferiores a 10% no decorrer da tarde.