Política
Incentivo concedido por um estado deve ser aprovado pelos outros
Esses foram os quatro temas escolhidos pela comissão como prioridade para estabelecer um novo equilíbrio entre os estados
Agência Senado
12 de Junho de 2012 - 16:49
Comissão sobre pacto federativo propõe regime extremamente duro para acabar com com a guerra fiscal. Royalties e partilha de recursos devem ser definidos no dia 25.
Isenções, incentivos ou benefícios fiscais dados pelos estados para atraírem empresas deverão ficar sujeitos à concordância de todas unidades da Federação, sob presidência do ministro da Fazenda.
Com o objetivo de acabar com a guerra fiscal do ICMS entre os estados, essa é uma sugestão que foi dada ontem pela comissão de especialistas que analisa questões federativas.
O colegiado também avançou no debate sobre dívidas dos estados e no dia 25 deve concluir outros dois assuntos polêmicos: royalties do petróleo e partilha dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
Esses foram os quatro temas escolhidos pela comissão como prioridade para estabelecer um novo equilíbrio entre os estados.
Segundo o relator do colegiado, o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel, busca-se um texto que institua um regime extremamente duro que impeça os 26 estados e o Distrito Federal de concederem benefícios fiscais ilegais no ICMS, um dos principais instrumentos usados na chamada guerra fiscal entre estados.
O texto a ser apresentado aos senadores especifica diferenças entre isenções, incentivos e benefícios fiscais. Em casos especiais, a aprovação poderá se dar por maioria de dois terços das unidades da Federação.
A concessão também ficará sujeita à ratificação do Legislativo estadual respectivo, algo que atualmente só ocorre no Rio Grande do Sul e na Bahia.
Quem descumprir as normas ficará sujeito a nulidade do ato e a exigibilidade do imposto não pago ou devolvido sem prejuízo de outras sanções.
Os membros da comissão demonstraram estar atentos para que a futura lei, ao tentar pôr fim à guerra fiscal, não acabe criando novos impasses entre as unidades federativas.
Eles concordaram que um dos objetivos das mudanças é incentivar a industrialização de estados ainda pouco desenvolvidos, servindo como um instrumento de desconcentração industrial.
Assim, de acordo com o texto ainda em discussão, estados com renda per capita inferior à nacional poderiam conceder um incentivo, benefício ou isenção com a concordância de apenas dois terços das unidades federativas, carecendo ainda de outros requisitos. Essa é uma das pendências.
A comissão especial sobre o pacto federativo foi criada em 15 de março e a previsão é que os trabalhos sejam concluídos em setembro.
O presidente é o ex-ministro do STF e ex-ministro da Defesa Nelson Jobim e tem ainda o economista Bernard Appy, o procurador da Fazenda Nacional Manoel Felipe Rêgo Brandão, o médico Adib Jatene e os professores João Paulo dos Reis Velloso, Luís Roberto Barroso, Paulo de Barros Carvalho, Fernando Rezende, Sérgio Prado, Marco Aurélio Marrafon, Ives Gandra da Silva Martins e Michal Gartenkraut, entre outros.