Zeca e Delcidio travam guerra para definir rumos do PT na eleição

A proclamada reconciliação entre as duas principais lideranças do PT de Mato Grosso do Sul, na prática ainda não se traduziu em ações articuladas nas definições dos rumos do partido na eleição municipal em várias cidades do Estado. Seguidores do senador Delcidio do Amaral e do ex-governador Zeca do PT têm se confrontado em Maracaju, Sidrolândia e Itaporã.

Em Campo Grande, Zeca resolveu lançar-se candidato a vereador ao perceber manobras, atribuídas a Delcidio, de fazer o deputado federal Vander Loubet desistir da candidatura a prefeito para ser vice numa chapa encabeçada pelo deputado Alcides Bernal, do PP.

Em Maracaju, os petistas por uma diferença de 14 votos (142 a 128) aprovaram a proposta de coligação com o PDT para apoiar a reeleição do prefeito Celso Vargas, impondo uma derrota ao senador Delcidio do Amaral. Além de derrubar a tese da candidatura própria que era defendida pelo senador, rejeitaram a tutela do virtual candidato petista ao Governo do Estado em 2014. Preferiram por maioria acompanhar a recomendação do ex-governador Zeca do PT e do deputado federal Vander Loubet, contrários a aliança.

O senador enviou emissários, encarregou o deputado Pedro Kemp de pessoalmente fazer campanha pela proposta de candidatura própria com o lançamento do vice-prefeito Alberto do PT. Um assessor do Delcidio chegou a declarar que ele não estaria disposto a subir no palanque da reeleição do prefeito.

A tropa de choque do senador chegou a recorrer até mesmo à artilharia on-line, enviando torpedos para o telefone do prefeito com mensagens agressivas de críticas a sua administração e prevendo a derrota da proposta de coligação. Não é a primeira vez que o senador Delcidio do Amaral usa sua influência para tentar afastar o PT da administração municipal.

Em fevereiro do ano passado Delcidio convenceu seus aliados no diretório de Maracaju a romperem a aliança com o prefeito. De quebra expulsou três petistas históricos que ocupavam cargos na prefeitura: Ermeto Lazzaretti, ex-vereador, que era secretário de Obras; Paulo Kuramoto, diretor de Recursos Humanos da Prefeitura e Iraci Padilha, Secretária de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente. Todos acabaram deixando os cargos e recorreram da expulsão ao diretório nacional.

Em Itaporã, o grupo de Zeca e Vander anunciou apoio à candidatura de Wallas Milfont, que é do PDT. O senador Delcidio defendia aliança com o secretário Nilson Pedroso, que é do PSD e vai ser o vice na encabeçada pelo presidente da Câmara, o vereador do PMDB, Roberto Marsura, para sucessão do prefeito Marcos Pacco.

“Até onde eu sei, o PT tinha compromisso com o secretário Nilson Pedroso, que era do berço petista e recentemente, filiou-se ao PSD. Não sendo Pedroso o candidato, creio que se abrem novamente as discussões sobre o assunto”, comenta o deputado federal Vander Loubet ao pré-candidato Wallas Milfont.

Independente de o PT estar ou não no palanque de Wallas, Vander diz que o apoiará. “Somos companheiros de longas datas e diante do projeto político posto por Wallas, aconteça o que acontecer, vou apoiá-lo”, afirma.

Em Sidrolândia, o quadro se repete. O ex-governador Zeca do PT fez questão de comparecer ao lançamento da pré-candidatura do presidente da Câmara, vereador Jean Nazareth. Já o grupo do senador, que controla o diretório, lançou a pré-candidatura do ex-secretário Marcio Marquetti e admite negociar uma possível aliança com o PSDB do ex-prefeito Enelvo Felini.

 Zeca até admite uma composição, desde que seja com o PMDB do prefeito Daltro Fiúza.