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Após 5 anos de omissão do Incra, secar lagos do Eldorado foi a alternativa para evitar o rompimento da barragem

Os problemas relacionados à falta de manutenção das barragens e os riscos de rompimento eram conhecidos desde 2019.

Redação/Região News

02 de Outubro de 2024 - 16:00

Após 5 anos de omissão do Incra, secar  lagos do Eldorado foi a alternativa para evitar o rompimento da barragem
Barragem Seca no Assentamento Rural Eldorado II. Foto: Divulgação

O cenário que por mais de 16 anos, foi espaço para múltiplas atividades de lazer (pescaria, mergulhos e até manobras ousadas de lancha e jet ski) na sede do Assentamento Eldorado, já não serve nem como cartão-postal. Os problemas relacionados à falta de manutenção das barragens e os riscos de rompimento eram conhecidos desde 2019. Há relatórios técnicos detalhados do Imasul, da Polícia Militar Ambiental e até da Marinha descrevendo os riscos da falta de manutenção da barragem . O licenciamento ambiental não era renovado há pelo menos 5 anos .

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Desde a semana passada, não existem mais os três lagos na dimensão projetada pelos antigos donos da fazenda de 30 mil hectares que deu origem, em 2006, ao assentamento. Suas águas cobriam um perímetro de 65 hectares, o equivalente ao tamanho de seis lotes do assentamento, e havia uma abundância de peixes, a ponto de alguns assentados utilizarem tarrafas para capturar os exemplares maiores, ignorando as restrições da legislação pesqueira .

Os lagos menores secaram e, agora, são crateras imensas, cenário semelhante ao de uma área destruída pela erosão, que "engoliu" a cobertura do solo. A terceira e maior lagoa tornou-se apenas um espelho de água barrenta e empoçada, com bancos de terra avançando.

 Como não havia nenhum projeto de manutenção em andamento , nem recursos foram alocado a alternativa foi o esgotamento dos lagos. Foi uma resposta do Incra a decisão da Justiça Federal que mês passado   determinou o afastamento do superintendente regional do Incra, Paulo Roberto da Silva, mantido fora do cargo por duas semanas.  Relatórios da Polícia Militar Ambiental e do 6º Distrito Naval de Ladário, elaborados em 2019, já haviam constatado sinais de erosão nas barragens, consequência da falta de matas ciliares. Numa ação civil pública movida pelo Ministério Público, a Justiça Federal impôs ao Incra uma multa diária de R$ 10 mil por não realizar a manutenção adequada das barragens. Hoje, essa multa já soma R$ 49 milhões.

No mês passado, a Justiça Federal agiu de forma mais incisiva ao afastar, no dia 13, o superintendente do Incra. O sinal de alerta para o Judiciário romper com o imobilismo pode ter sido o rompimento de uma barragem no condomínio Nasa Park, em Jaraguari, ocorrido no dia 23 de agosto.

Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), 11 propriedades foram afetadas pelo rompimento da barragem. De acordo com informações divulgadas pela Defesa Civil de Jaraguari, uma residência foi levada pela lama e pela água. Vários animais domésticos e de criação foram arrastados pelo lamaçal, e duas pontes de madeira foram destruídas.