Frio de 2,6°C e 50 milímetros de chuva provocam morte de vacas e bezerros em assentamentos

Com a frente fria que, desde quinta-feira, derrubou as temperaturas em Mato Grosso do Sul, nas últimas 24 horas a mínima de 2,6°C em Sidrolândia , provocou a morte por hipotermia de pelo menos 10 bovinos, entre vacas e garrotes, nos assentamentos Jibóia e Eldorado. Na Fazenda Exposição, perto do perímetro urbano, na manhã deste sábado foram encontrados mortos .

O produtor Kennedi Forgiarini, do Jibóia, perdeu três vacas e dois bezerros garrotes. Ele acredita que os animais tenham morrido não só porque a temperatura despencou para 2°C, mas também porque o dia inteiro choveu uma garoa fina e gelada, acumulando 50 milímetros de precipitação. Para tentar evitar novas mortes no rebanho, Forgiarini vai reforçar a alimentação dos animais. Edvaldo Flexa, vizinho de Kennedi, perdeu uma vaca, e um bezerro amanheceu bastante debilitado. Quem também teve prejuízo foi José de Araújo, do Eldorado, que perdeu quatro bezerros.

Por que os animais morrem por hipotermia?

A morte de gado por hipotermia está associada a uma série de fatores, como explica o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Haroldo Pires de Queiroz. A falta de abrigo, agravada pela queda de temperatura e umidade em excesso, é uma das principais causas, mas a situação nutricional do animal também impacta. Ou seja, os animais morrem por conta da perda excessiva de calor ou produção insuficiente, em combinação com o tempo frio e a exposição aos ventos e fortes chuvas.

“Estudos técnicos comprovam que a hipotermia é causa de mortalidade quando bovinos mal nutridos, com pouca disponibilidade e qualidade de forragem e ausência de abrigo, são expostos a uma mudança climática brusca com queda de temperatura combinada com chuvas e ventos fortes”, diz o técnico da Embrapa.

Em um artigo para o site da instituição, Haroldo Pires explica que as mortes na região poderiam ser evitadas se os produtores rurais adotassem boas práticas no manejo do gado, o que inclui uma melhor nutrição do rebanho, principalmente em períodos de seca.

O pesquisador pontua que, sem uma área de proteção adequada, o gado corre o risco de se deitar em locais frios e úmidos, sem nenhum isolante térmico, o que faz com que ele perca calor corporal e morra mais rapidamente.

Balanço estadual

A menor temperatura registrada em Mato Grosso do Sul foi em Rio Brilhante, onde os termômetros marcaram 0,2°C. A sensação térmica foi de -0,6°C, por volta das 6h.

Em Campo Grande, a mínima foi de 4,8°C com sensação térmica de -0,5°C. Conforme o meteorologista Natálio Abrahão Filho, em Amambai os termômetros registraram 1,7°C com sensação térmica de 0°C, em Itaporã 1,6°C com sensação térmica de -0,4°C e em Ponta Porã 3,9°C com sensação térmica de -0,1°C. "Foi a manhã mais fria do ano e fora do padrão. Já ocorreu frio no início de agosto, mas não com essa amplitude e valores tão baixos", destacou.

Também houve muito frio em Aral Moreira (2,4°C), Jardim (2,5°C), Sidrolândia (2,6°C), Nova Alvorada do Sul (2,7°C), Caarapó (3,2°C), Sete Quedas (3,9°C), Juti (3,8°C), Laguna Carapã (3,1°C), Porto Murtinho (2,9°C), Bonito (3,1°C), Maracaju e Nova Andradina (3,7°C), Bandeirantes (3,9°C) e Dourados (4,5°C).

Segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), o ar frio vai continuar avançando para todas as regiões do Estado, gerando recordes de temperatura mínima em alguns municípios e, possivelmente, sendo a massa de ar frio mais intensa registrada até agora neste ano. Amanhã, os termômetros seguem baixos ao amanhecer, mas começam a subir no decorrer do dia.