Sidrolandia
Dilma rebate declarações de Serra e defende o Banco Central
Acho que relações institucionais têm se pautar pela maior tranquilidade possível, pela serenidade
Folha On-line
10 de Maio de 2010 - 14:55
A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, rebateu na tarde desta segunda-feira, no Rio de Janeiro, críticas do tucano José Serra à condução da política econômica pelo Banco Central.
"Defendo a autonomia operacional do Banco Central. Acho que relações institucionais têm se pautar pela maior tranquilidade possível, pela serenidade. Sempre tivemos uma relação muito tranquila com o Banco Central, de muito pouca turbulência, de muito pouca confusão", declarou ela em seminário promovido pelos jornais "Valor Econômico" e "Financial Times", no Copacabana Palace, na zona sul do Rio.
Serra afirmou hoje que o Brasil continua com a maior taxa de juros do mundo e destacou que o Banco Central não é a Santa Sé, ao comentar sobre a autonomia do BC.
O tucano demonstrou irritação ao ser questionado sobre também agir como presidente do BC, se eleito. Ele defendeu a autonomia do BC, mas afirmou que se houver "erros calamitosos", o presidente deve interferir e opinar. "O presidente tem que fazer sentir sua posição."
"O Banco Central não é a Santa Sé. Não sou contra incentivos tributários, mas é preciso um mecanismo que não puna os municípios", disse Serra em entrevista à rádio CBN.
Dilma evitou conjeturar sobre se o BC perdeu chances de baixar os juros quando os preços internos estavam em queda após a crise econômica internacional no final de 2009, como criticou Serra.
"É uma coisa muito complicada a gente raciocinar no 'se'. O Banco Central tem um registro de cuidado e cautela. Ele teve isso durante a crise. Não vou deixar de reconhecer aqui a quantidade de acertos, de muitos acertos, que o Banco Central teve no enfrentamento da crise.
A forma como ele se comportou com o compulsório, a forma como o Banco Central liberou crédito. É muito relativa essa discussão do 'se fizesse isso, se fizesse aquilo'... O fato é que ele acertou. Acertou na política monetária, no enfrentamento da crise e ninguém pode deixar de reconhecer o papel importante que ele teve quando do financiamento de nossos exportadores quando o mercado internacional de crédito teve aquele imenso choque."
Segundo ela, junto com o pessoal do Ministério da Fazenda, do ministro Guido Mantega, "que fez toda a política tributária de financiamento, o governo demonstrou uma agilidade, uma competência e uma precisão no enfrentar a crise muito grande".
A ministra evitou dizer se há chance de manutenção do presidente do BC, Henrique Meirelles, caso vença as eleições de outubro.
"Não farei nenhuma declaração --nem só sobre o Banco Central nem sobre ministério nenhum. Não é adequado. É como se você fosse botar a carroça na frente dos bois. O Brasil tem uma história passada de que isso não dá sorte."