Sidrolandia
Profissionais conhecem plataforma para integrar projetos em workshop na Escola Senai da Construção
De acordo com o presidente do Sinduscom/MS, Amarildo Miranda Melo, a plataforma BIM já é utilizada há algum tempo em vários países
Daniel Pedra/Fiems
30 de Novembro de 2017 - 09:16
Imagine uma ferramenta capaz de integrar todas as informações sobre etapas e componentes de uma obra. Esse foi o tema do 1º Workshop de Implementação do BIM (Building Information Modeling), que, na tradução livre, significa Modelagem da Informação da Construção ou Modelo da Informação da Construção, realizado ontem (29/11), no auditório da Escola Senai da Construção, pelo Sinduscon/MS (Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção de Mato Grosso do Sul) em parceria com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e Senai.
Segundo o vice-presidente da Fiems, Alonso Resende do Nascimento, o evento teve como objetivo atualizar os empreendedores e profissionais do segmento da construção civil sobre a nova ferramenta, que ainda é pouco utilizada. Acredito que o segmento está um pouco atrasado já com relação a essas novas tecnologias e inovações, por isso a importância de um evento como esse, que esclarece sobre o BIM, uma ferramenta tão importante para o planejamento de uma obra, afirmou.
Já o diretor-corporativo da Fiems, Cláudio Jacinto Alves, também ressaltou a relevância do workshop. Acho louvável a iniciativa do Sinduscom/MS de realizar esse evento em parceria com a CBIC e o Senai, reunindo empresários, profissionais da construção civil, professores e alunos, que só trazem ainda mais enriquecimento para o debate sobre um assunto tão importante para o segmento, salientou.
De acordo com o presidente do Sinduscom/MS, Amarildo Miranda Melo, a plataforma BIM já é utilizada há algum tempo em vários países. A plataforma traz muito retorno a todos que utilizam, porque compatibiliza todos os processos envolvidos. Com o BIM há redução de custos, redução de desperdício, melhora do ponto de vista de fiscalização. Então é uma ferramenta que pode ser utilizada pelas empresas, mas também por órgãos governamentais, destacou.
Para o representante da CBIC em Mato Grosso do Sul, Kleber Recalde, o workshop significa a inserção do Estado à realidade do Brasil e do mundo com relação ao BIM. Acreditamos ser inevitável que se absorva essa tecnologia dentro do Brasil também. Muitos Estados já estão trabalhando com essa plataforma e nós aqui do Mato Grosso do Sul ainda estamos começando. Por isso a importância desse evento, porque se não nos atualizarmos a essa tecnologia, corremos o risco de ficar para trás, pontuou.
Palestras
Abrindo o ciclo de palestras, o consultor da CBIC para o BIM, arquiteto Rogério Suzuki, que é mestrando em Inovação pela USP e coordenador técnico da Academia BIM do Sinduscon/SP, apresentou coletânea de livretos com informações sobre como implantar a nova ferramenta dentro de uma empresa.
A ideia para a realização desse evento é justamente a falta de informação no mercado sobre o BIM, que é um conceito novo no mercado e de certa forma complexo, porque não se resume a mudar o software, mas é preciso mudar a cultura da empresa, os processos. Ainda notamos certa resistência na implantação do BIM, principalmente por conta da crise econômica, quando não é fácil pensar em investimentos, mas é na recessão que é quando temos tempo para nos preparar para o reaquecimento do mercado, destacou.
Em seguida, foi à vez do gerente comercial de novos negócios da Bentley Brasil, Leonardo Tavares, mostrar o papel dos desenvolvedores de softwares BIM e apresentar cases de sucesso de empresas que usam a tecnologia da empresa. Já existe um esforço há mais de 10 anos para se avançar com essa tecnologia. Existem casos bem sucedidos e o esforço agora é para que todo o ecossistema adotem a metodologia, porque é um caminho sem volta, disse.
Logo depois, o especialista técnico em AEC Autodesk e engenheiro projetista de infraestrutura rodoviária e ferroviária, Victor Diniz, que atua no mercado de infraestrutura desde o início de sua carreira profissional, apresentou os softwares em BIM da empresa, destacando que a tecnologia traz muitos benefícios para a construção civil. Temos casos com resultados excelentes no Brasil e vários no mundo, então a ideia é entender melhor o mercado brasileiro para que a Autodesk realmente ajude o profissional e às empresas a se desenvolverem nesse sentido. Grandes empresas brasileiras e órgãos públicos já utilizam o BIM e têm grandes ganhos. Acredito que é questão de tempo para que essa cultura se instale aqui no Brasil como um todo, comentou.
O diretor da empresa Quattro D, Rodrigo Girardi, que é bacharel em Desenho Industrial e atua desde 1998 no mercado de tecnologia voltado para projeto e engenharia, explicou como as construtoras e incorporadoras podem começar a utilizar o processo BIM da forma mais rápida possível. No início do processo, quando a construtora começar a trabalhar, para acelerar o processo, elas contratam empresas como a 4D para pegar todo projeto em 2D e fazer a modelagem em BIM para pegar o empreendimento modelado. Aí elas utilizam a informação para diminuir retrabalho, custo de material, maior aderência ao planejamento e assim por diante, disse.
Entre os cuidados que as empresas precisam ter para contratar empresas de modelagem BIM, ele reforçou a necessidade de sempre ter um contrato definido as obrigações. Quais são as disciplinas que serão modeladas, a forma como modelar, porque o modelo BIM não se preocupa só em fazer o modelo 3D, mas também se esse modelo está aderente à forma como a construtora planeja a obra, como orça a obra, como executa a obra. Caso contrário, o BIM se torna apenas um modelo de visualização e não consegue ser aplicado na obra, ressaltou.
Para finalizar as palestras, o diretor-técnico da Sinco Engenharia, Paulo Sanches, que é vice-presidente de tecnologia e qualidade do Sinduscon-SP, líder do projeto de disseminação do BIM da CBIC/Comat e membro do conselho deliberativo da ABNT, apresentou cases práticos de como utiliza a ferramenta BIM em sua empresa. As principais vantagens nesses cases é que temos a diminuição de custo, aderência no cronograma, temos um produto melhor, com menos patologia e menos assistência técnica. A vantagem é construir de forma melhor, você muda a cultura da empresa, deixa as pessoas conhecendo o produto que está sendo feito, argumentou.
Repercussão
O diretor da Faculdade de Engenharias e Arquitetura da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Robert Souza, elogiou a realização do workshop sobre o BIM e destacou a necessidade de disseminar a nova ferramenta entre os profissionais da construção civil. É uma tecnologia que com certeza vai revolucionar a construção civil e, por isso, ele é discutido nos cursos da Faculdade com os alunos, comentou.
Para a engenheira-civil Edneia Mirian Rufino, que já utiliza o BIM em alguns projetos, viu o workshop uma oportunidade de ampliar seu conhecimento sobre a ferramenta. Trabalho numa empresa que está incorporando o BIM em todos os seus projetos. É um modelo muito bom, que tem resolvido nossos problemas, principalmente em compatibilização de projetos. Então é sempre bom buscar mais informação e nos atualizar, finalizou.