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Sidrolandia

Quanto mais a mulher estuda, mais sofre diferenças salariais, diz FGV

Diploma ainda tem mais valor para homens do que para mulheres no Brasil. Diferença nos salários entre homens e mulheres também varia com idade.

G1

28 de Novembro de 2017 - 08:43

Quanto mais tempo uma trabalhadora brasileira investe em estudos e em preparação, maior é a desvantagem salarial dela em relação a um homem que tenha a mesma formação. A conclusão é de um estudo da Fundação Getúlio Vargas.

A beca, o chapéu, a faixa. A roupa de homens e mulheres é 100% igual no dia da formatura, mas depois as diferenças aparecem. 

A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostra que, no Brasil, o diploma ainda tem mais valor para eles do que para elas.

Tatiana fez duas faculdades e, trabalhando em uma grande empresa, conheceu as diferenças de perto.

“Era muito claro, muito notório. Homens com a mesma idade que eu, com os mesmos cargos muitas das vezes que eu, ganhando o dobro, o triplo do que eu ganhava”, contou Tatiana Alvarenga.

Na pesquisa, mulheres na faixa dos 40 anos sem diploma de ensino médio aparecem ganhando em média 28% menos que os homens que também não se formaram. Quando os dois têm nível universitário, a diferença aumenta para 47,4%.

Em busca de reconhecimento, Tatiana deixou o emprego e montou o próprio negócio na área de alimentos. Lá ela manda, e elas ganham. “Aqui comigo eu tenho outra mulher trabalhando e ela ganha mais do que os homens”, disse.

“Uma grande explicação para o diferencial de gênero figura na escolha de setor, ocupação e principalmente na escolha de empresa. Existem empresas que são mais favoráveis a reconhecer a produtividade feminina do que outras”, explica Marcelo Neri, economista da FGV e autor do estudo.

A desigualdade nos salários entre homens e mulheres também varia com a idade. A pesquisa mostra que, aos 25 anos, as mulheres ganham 10% menos que os homens. A diferença sobe para 20% aos 35 e atinge o ápice aos 40: 22%. Depois, até o fim da carreira, a diferença vai baixando de novo. Aos 50 anos, por exemplo, é de 18%.

“Talvez isso possa ter alguma relação com a idade fértil da mulher, que isso gera um efeito adverso sobre a empregabilidade dela e o salário que ela consegue”, disse Marcelo Neri.

Elas são maioria tanto nas fotos de formatura quanto no mercado formal de trabalho e estão prontas para mostrar que a mulher tem mais valor. Em uma foto de formatura, com todos de beca, é difícil separar os homens das mulheres. Mas, com o diploma na mão, elas querem provar que ninguém precisa usar roupa igual para receber tratamento igual.