Sidrolandia
Repercute em diversos Blogs o Pito que Serra recebeu da "GLOBO"
A capa e o conteúdo do jornal O Globo de hoje revelaram a Serra o que um dia, num único jornal do sistema, pode fazer à sua candidatura, ou destruí-la.
REGIAO/NEWS/TIJOLAÇO/CLAUDIO P DE SOUZA
11 de Maio de 2010 - 15:36
A voz do dono, o dono da voz e os donos de tudo
A capa e o conteúdo do jornal O Globo de hoje revelaram a Serra o que um dia, num único jornal do sistema, pode fazer à sua candidatura. Não que seja diferente ao que fazem dúzias de vezes com Dilma, mas foi, como dizia uma música dos anos 60, a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
Acostumado a mandar demitir repórteres com telefonemas, Serra perdeu a paciencia com os comunistas do Dr. Roberto do século 21. Dos meus comunistas, cuido eu, teria dito o mais velho, em plena ditadura, ao ministro da justiça (assim mesmo, entre aspas e em minúsculas) Armando Falcão. Embora não sejam mais comunistas e o Dr. Roberto não esteja mais aí, Serra mexeu num vespeiro, muito maior que o cada vez mais frágil jornal O Globo. Mexeu na Globo, no centro de comando da elite brasileira.
Embora a Miriam Leitão tenha ficado publicamente apatetada e se contido a vingança, como dizia o personagem do Chico Anísio, será maligna. A edição do jornal impresso de hoje, que reproduzo aí ao lado, já mostra isso. A foto de um Serra que parece doente, alquebrado, sendo seguro na escada como um inválido que não se sustenta é o tipo de maldade atroz que ele, pela primeira vez, tem de encarar no jornal.
O título é de uma clareza solar. Traduzido, quer dizer: Serra, este é o Serra que queremos. Oposição, não pseudolulista. O império não quer almas pela metade, ele quer a vassalagem incondicional. Ele quer alguém que se ajoelhe em seu altar, renegue e maldiga sua fé passada e proclame sua conversão em alto e bom som, como fez FHC em 1995, ao dizer, já em seu discurso de posse, que vinha para destruir a Era Vargas e entregar, como nunca se entregara nem na ditadura, o Brasil aos grupos econômicos daqui e de fora.
Lá dentro do jornal, coube a Lord Merval Pereira colocar a coisa em letras explícitas: fala em ressurreição do ranzinza e de Serra ser o centralizador e mais intervencionista do que Dilma. Ao lado, seguia a ironia fotográfica, com uma grande foto de Dilma sorridente, ao lado de Antonio Palloci, o homem de confiança do mercado nos primeiros tempos do Governo Lula.
Serra tem sorte de que o Dr. Roberto não esteja mais aí, para não correr o risco de sofrer mais um dos castigos que gosta de impor aos insolentes: ser demitido com um telefonema.
Mas vai ter de fazer seus atos de contrição, ficar comportadinho e parar de achar que é alguém com direito a ter posições próprias e pessoais, mesmo que sob a fantasia que os marqueteiros lhe desenharam.
Serra tem que exorcizar de vez suas convicções do passado, sepultar o antigo Serra que pensava no papel do Estado, no desenvolvimento, que, inconformado com a morte que a traição lhe deu, brota em espasmos como o de ontem. Não se lhe exige apenas o papel de agente da direita, querem a conversão completa ao papel que assumiu. De Fausto não se queria parte, mas tudo.
Dante Aligheri escreveu na sua Divina Comédia que, nos umbrais do Inferno havia talhada uma frase: Abandona toda esperança, vós que entrais.
A gauchada, que não leu Dante, se expressa mais claramente: não te fresqueia, guri.