Economia
Estudo da ANTT mostra que Ferroeste inviabiliza reativação de ramal
A nova concessionária deverá investir R$ 18,1 bilhões em 60 anos na Ferroeste.
Redação/RegiãoNews
09 de Abril de 2023 - 20:11
O estudo de viabilidade econômica da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) descarta a reativação do ramal de Ponta Porã, que passa por Sidrolândia, aponta como fator determinante a entrada em funcionamento daqui a 12 anos, em 2035, do ramal da Ferroeste, ligando Cascavel a Dourados e Maracaju, considerada um alternativa logística mais barata de escoamento da produção deste que é o maior polo agrícola do Estado.
As projeções serão apresentadas nas audiências públicas programadas para Campo Grande (26 de abril) e Brasília (3 de maio) destinadas a captar contribuições como parte do processo licitatório da concessão da Malha Ferroviária Oeste, trecho de 1.623 km entre Corumbá e Mairinque (São Paulo).
A avaliação dos técnicos responsáveis pelo estudo da ANTT é que a soja produzida em Sidrolândia.
Pelas projeções, haverá demanda de cargas por ferrovia em 2025 nos trechos de Ponta Porã/Maracaju/Sidrolândia, de 1,443 milhão de toneladas e 3,149 milhões de toneladas entre Sidrolândia a Campo Grande. Em 2035, com a concorrência da Ferroeste, o potencial de cargas cai 60% (para 1,256 milhão de toneladas), enquanto para 2045 a estimativa é de 276 mil toneladas entre Ponta Porã/Maracaju e 1,591 milhão de toneladas entre Sidrolândia/Campo Grande. A avaliação dos técnicos responsáveis pelo estudo da ANTT é que a soja produzida em Sidrolândia seja escoada pela Malha Oeste a partir de Campo Grande ou levada a Maracaju e embarcada nos trens da Ferroeste, quando estiver circulando.
Investimento
A nova concessionária deverá investir R$ 18,1 bilhões em 60 anos na Ferroeste. A maior parte do montante, de R$ 16,4 bilhões, será destinado aos primeiros sete anos para a troca de dormentes e trilhos, com adoção da bitola larga, compra de locomotivas, reforma de pátios de manobras.
Apesar da rodovia ser até 362% mais cara em relação a ferrovia para o transporte de fertilizantes, por exemplo, a modalidade se tornou a única opção em MS. Estudo da ANTT mostra que o custo do transporte do fertilizante por carretas é de R$ 14,84 por toneladas, enquanto por trens pode sair por R$ 3,21.
O Estado tem potencial de 35 milhões a 40 milhões de toneladas de serem transportados por ano pela ferrovia. A maior parte será composta por celulose (R$ 12,7 milhões), minério de ferro (7 milhões de toneladas), grãos (7,3 milhões), açúcar (2,4 milhões de toneladas) e combustíveis.
O transporte de combustíveis pelos vagões está suspenso há oito anos, desde 2015. Conforme estimativa da ANTT, os caminhões trazem para o Estado 30 milhões de metros cúbicos de gasolina e 56 milhões de metros cúbicos de óleo diesel.
A Malha Oeste é a nova denominação da Novoeste, concessionária entre Bauru e Corumbá. Primeira a ser privatizada no País, em 5 de março de 1996, a ferrovia passou por investidores americanos (Noel Group) e brasileiros (ALL). O fracasso custou caro ao Estado, que ficou sem um dos modais de transporte mais baratos para garantir o escoamento da produção.
Atualmente, apenas pequenos trechos funcionam no Estado. Em Três Lagoas, a celulose é exportada para o Porto de Santos. O minério de ferro de Corumbá anda poucos quilômetros sobre trilhos até chegar à Bolívia.