Economia
Mercado internacional dá abertura para carne de MS
Abertura de mercado da Indonésia para o Brasil e liberação de mais frigoríficos pela China animam setor.
Correio do Estado
21 de Janeiro de 2023 - 09:40
O início de ano não poderia ser melhor para o setor pecuarista de Mato Grosso do Sul. Nesta semana, o novo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Fávaro, anunciou que 11 plantas frigoríficas foram liberadas para exportar para a Indonésia, que abriu o mercado para a carne bovina brasileira.
Mas os anúncios não pararam por aí, porque a China informou que outras três plantas frigoríficas do Brasil, que até então estavam suspensas, vão poder exportar a partir de fevereiro.
De quebra, o Egito abriu o mercado para importar algodão do Brasil. Apesar de não ser uma cultura agrícola forte em Mato Grosso do Sul, o plantio de algodão já existe e poderá aumentar de tamanho no Estado.
O secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado, Rogério Beretta, informou que essa notícia – da Indonésia e da China – é muito animadora, porque demonstra que os produtos sul-mato-grossenses estão sendo bem-aceitos pelo mercado asiático, tanto em relação à carne de aves quanto às carnes bovina e suína.
“Temos esperança de novas habilitações de frigoríficos em um curto espaço de tempo”, disse Beretta.
Ele ainda afirmou que as negociações entre governo federal e países importadores é constante, porém, é preciso entender que a demanda por novas habilitações depende mais de quem vai importar de Mato Grosso do Sul.
Segundo Beretta, na Secretaria de Estado de Meio Ambiente Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), todos os trabalhos são para fomentar a criação de cooperativas nos mais diferentes setores.
De acordo com Rogério Beretta, na pecuária de corte há vários projetos de formação de cooperativas iniciados. No entanto, ele deixa claro que ainda há poucas cooperativas atuando neste setor.
“O nosso maior mercado consumidor de carne bovina continua sendo o mercado interno, e as indústrias, para atingirem margens positivas, precisam atuar em todos os mercados e, assim, tentar conseguir um mix de preços e de produtos”, detalhou Beretta.
Paralelamente, Mato Grosso do Sul acelera o programa de erradicação da vacinação contra febre aftosa. No fim do ano passado, o programa avançou de modo significativo, a ponto de ser implementada a suspensão da vacinação em novembro.
“Temos ainda muitos outros desafios a superar de modo a podermos atingir um status que nos permita solicitar, junto à Organização Mundial de Saúde Animal, a suspensão definitiva da vacinação e, assim, permitir que Mato Grosso do Sul atinja o status de livre de febre aftosa sem vacinação”, complementou Beretta.
Com o status de livre da febre aftosa sem vacinação, Mato Grosso do Sul poderá se beneficiar, conseguindo acesso a mercados mais exigentes e que remuneram melhor.
DEMANDA MUNDIAL
Internacionalmente, as previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) são de um aumento na demanda mundial por carnes – bovinas, suínas e de aves.
Pela Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), o presidente Guilherme Bumlai recebeu com bom ânimo a abertura do mercado da Indonésia para 11 plantas frigoríficas e o fim da suspensão de 3 plantas para a China. Para Bumlai, essa notícia pode ser a mola propulsora para o início da melhoria do preço da arroba do boi, que precisa reagir.
“Os preços estão baixos já há algum tempo, e isso acaba por interferir na produção. O mercado internacional pode impulsionar o mercado local. É necessário que o Mapa habilite mais frigoríficos, e o Brasil precisa diminuir a dependência de exportações para a China. Novos mercados são bons”, pontuou Guilherme Bumlai.
NÚMEROS DE 2022
A preocupação do presidente da Acrissul não é em vão. Isso porque um estudo elaborado pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul) aponta para uma desvalorização de 18,04% na cotação da arroba do boi gordo e queda de 19,56% no valor da arroba da vaca, entre dezembro de 2021 e dezembro de 2022.
A arroba da vaca sofreu desvalorização mais acentuada porque os preços nominais estão menores em razão do aumento do abate de fêmeas.
O estudo diz, ainda, que os preços dos cortes bovinos desvalorizaram ao longo do ano passado, com o corte traseiro caindo 10,38% entre janeiro e dezembro, fechando o ano cotado ao valor médio de R$ 23,16 por quilo.
Já no corte dianteiro com osso a queda foi de 9,05% no período. A carcaça casada da vaca, com preço de R$ 18,29 por quilo, desvalorizou 11% no ano.
Ao mesmo tempo, o relatório de movimentação de bovinos da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) mostra que, em Mato Grosso do Sul, o total exportado em 2022 foi de US$ 1,1 bilhão, o que deu 201,2 mil toneladas de carne bovina, gerando crescimento de 29,52% na receita e aumento de 18,47% no volume, quando comparado ao ano anterior, considerando o faturamento de US$ 849,9 milhões e o volume de 169,8 mil toneladas alcançados em 2021.
Em 2022, a China ocupou o primeiro lugar de destino da carne bovina in natura sul-mato-grossense, com 35,93% da receita e o equivalente a 61,5 mil toneladas.
No comparativo com 2021, houve aumento de 148,11% no valor enviado ao país asiático. O total de abate foi superior a 3,6 milhões de cabeças , representando uma alta de 15,22% em relação a 2021.
A abertura do mercado para carne bovina na Indonésia, a reabertura da China para as carnes de frango e bovina e, ainda, o mercado de algodão do Egito animaram o corpo técnico do Sistema Famasul.
O consultor técnico Gabriel Cavallini frisou que, ao todo, são 19 unidades industriais habilitadas para exportações, sendo 11 novas. Segundo Cavallini, em 2022, foram exportadas para a Indonésia 20,488 mil toneladas, proporcionando um aumento de 23,3% em ralação a 2021. Esse aumento no volume representou variação anual de 25,25% no faturamento.
“Foram noticiados também a remoção da suspensão da habilitação de três plantas frigoríficas de aves por parte da China, sendo duas em Goiás e uma em Mato Grosso do Sul, no município de Itaquiraí, que estavam embargadas desde o ano passado”, disse Cavallini.