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'Rota Bioceânica trará integração comercial, de negócios e também de turismo', afirma Riedel

A um custo de 649.483.986.793 guaranis (aproximadamente R$ 575,5 milhões de reais), a ponte será construída pela Itaipu Binacional.

Redação

14 de Dezembro de 2021 - 11:39

'Rota Bioceânica trará integração comercial, de negócios e também de turismo', afirma Riedel
O secretário Eduardo Riedel. Foto: Divulgação

Símbolo da implantação da Rota Bioceânica, ponte sobre o Rio Paraguai finalmente terá obras iniciadas

O presidente do Paraguai, Mario Abdo autorizou, no último dia 13, o início da construção da ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (PY). Fundamental para a implantação da Rota Bioceânica, a obra é considerada um marco para o desenvolvimento do Estado e do País.

A um custo de 649.483.986.793 guaranis (aproximadamente R$ 575,5 milhões de reais), a ponte será construída pela Itaipu Binacional. As empresas que ganharam a licitação para execução da obra terão 1.080 dias (36 meses) para concluir o empreendimento. O início das obras simboliza concretamente a realização de um sonho de décadas e a viabilidade da Rota Bioceânica, afirmou o governador Reinaldo Azambuja. O grande desafio, agora, na sua avaliação, é desburocratizar o setor alfandegário.

“A ponte tem um simbolismo muito forte ao garantir esse corredor ao Pacífico, que dará maior competitividade a Mato Grosso do Sul e a toda região Centro-Oeste, integrando definitivamente os quatro países (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) não só economicamente, mas também na cultura e no turismo”, disse o governador. “O Centro-Oeste exporta 68% de sua produção aos países asiáticos e a rota vai encurtar distâncias e reduzir o custo do frete em até 35%.”

Reinaldo Azambuja defendeu a formalização de um acordo alfandegário comum, com um registro único para as mercadorias que transitarão pelos quatro países, como ocorre na União Europeia, onde o produto lacrado na origem chega diretamente ao destino sem burocracia.  “O Brasil deve promover a organização do tratado específico do Mercosul para que tenhamos desembaraço alfandegário e maior agilidade na movimentação das mercadorias”, disse.

Com esse tratamento aduaneiro, segundo Reinaldo Azambuja, os produtos dos quatro países, em especial de Mato Grosso do Sul (carnes processadas, grãos e celulose), ganharão mais competitividade no mercado, além das vantagens que a rota propicia em relação a redução da distância e tempo aos portos de Antofagasta, no Chile, o que representa menos 17 dias de uma viagem de navio. “Os nossos produtores terão uma rentabilidade maior”, comentou.

Investimento em infraestrutura

O evento de lançamento da pedra fundamental da ponte, organizado pelo governo paraguaio em Carmelo Peralta, cidade vizinha a Porto Murtinho, não contou com a presença do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O avião presidencial não decolou de Campo Grande devido ao mau tempo em Bonito, de onde seguiria de helicóptero para a fronteira. A placa não foi descerrada pelo presidente paraguaio, que convidará Bolsonaro para nova agenda em janeiro de 2022.

Em seu pronunciamento, durante o ato realizado às margens do Rio Paraguai, o governador Reinaldo Azambuja destacou a visão estratégica dos presidentes do Brasil e do Paraguai de viabilizar a Rota Bioceânica e promover o desenvolvimento regional nos dois lados da fronteira. “Bolsonaro e Mário Benitez estão marcando história e o início da obra da ponte simboliza a redenção da região Centro-Oeste, sobretudo Mato Grosso do Sul e Murtinho”, pontuou.

O governador acrescentou que a palavra dos sul-mato-grossenses é de gratidão aos dois presidentes e realçou que o Governo do Estado está fazendo a sua parte ao integrar as regiões produtores por asfalto com a rodovia BR-267, que dá acesso à Porto Murtinho. “Estamos investindo R$ 1 bilhão em infraestrutura, pavimentando mais de 700 quilômetros de eixos de ligação e acesso a 267, garantindo segurança e qualidade nas nossas estradas”, frisou.

Reinaldo Azambuja citou ainda os investimentos em segurança pública na região, anunciando que a polícia de Mato Grosso do Sul terá torres interligadas com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), com um sistema de alta precisão, e está adquirindo um helicóptero para o DOF (Departamento de Operações de Fronteira), além de ações integradas com o Paraguai já em execução.

Aliança estratégica

Em sua fala o presidente do Paraguai, Mário Benitez, garantiu a conclusão da ponte sobre o Rio Paraguai em menos de três anos (prazo contratual) e anunciou a pavimentação do último trecho da rodovia do Chaco Paraguaio, de Carmelo Peralta a Lomo Plata (do total de 275 quilômetros, faltam apenas 28 quilômetros). Também confirmou a contratação da segunda etapa da rodovia, correspondente a 350 quilômetros entre Marescal Estigarribia e Pozo Hondo (Argentina).

“Estamos aqui celebrando uma aliança estratégica de irmandade e fraternidade com o Brasil”, disse Benitez, enfatizando que há mais de 40 anos a tão sonhada integração entre os dois países, iniciada com a construção da Ponte da Amizade, no Rio Paraná, não avançou.

“Este ato está demonstrando como tem que ser a relação de países irmãos e o Paraguai sustenta a sua posição de ser aliado para a competitividade que a Rota Bioceânica proporcionou a todo o eixo que a interliga. Teremos um impacto muito grande na economia e também na cultura”, finalizou.

A ponte sobre o Rio Paraguai será construída no km 1.000 da Hidrovia do Paraguai, por um consórcio binacional, e custeada pela margem paraguaia da Itaipu Binacional, com investimento de 102,6 milhões de dólares (aproximadamente R$ 575,5 milhões). A travessia terá extensão total de 1.294 metros (incluindo os viadutos de acesso) e largura de 20,10 metros. A parte estaiada centrada no leito terá 625,37 metros, com vão central de 350 metros.