Justiça
Secretaria do MT admite erro ao libertar réu por morte de Marielly
Campo Grande News
02 de Setembro de 2020 - 15:08
A Sesp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) de Mato Grosso admitiu erro ao soltar Hugleice da Silva, de 37 anos, réu pela morte de Marielly Barbosa durante um aborto malsucedido em 2011, em Mato Grosso do Sul e pela tentativa de homicídio contra a esposa, Mayara Barbosa, irmã mais velha da primeira vítima. O problema teria ocorrido porque o processo que o mantinha preso tramita em segredo de justiça.
Hugleice estava preso pelos dois crimes na Penitenciária Major PM Eldo Sá Corrêa, conhecida como Mata Grande, em Rondonópolis. Na sexta-feira, dia 28 de agosto, foi solto por engano após receber a liberdade em apenas um dos casos, a morte de Marielly.
O advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, responsável pela defesa de Hugleice nos dois casos, explicou que por entender a prisão pelo aborto de Marielly desnecessária, entrou com pedido de liberdade. Após decisão favorável, o alvará de soltura foi enviado ao presídio que soltou o interno sem verificar se havia outro mandado de prisão para mantê-lo na cadeia.
Em nota, a secretaria admitiu o erro e explicou que o nome de Hugleice foi consultado em “todos os meios disponíveis aos servidores”, mas nenhum processo em aberto foi encontrado, por isso ele ganhou a liberdade.
Mais tarde, o mandado de prisão preventiva expedido em 2018, pela tentativa de assassinato contra Mayara, foi encontrado no prontuário penal, mas a unidade entendeu que se tratava do mesmo processo do alvará de soltura, já que nenhum outro constava nos bancos de dados disponíveis. O problema, segundo a penitenciária, teria ocorrido porque o caso tramita em segredo de justiça.
“A direção da Penitenciária ressalta que este processo tramita em segredo de justiça, por isso não está disponível para averiguação por meio dos sistemas de consulta pública do CNJ, TJMT e PJ-e, utilizados pelos servidores nas checagens de processos e alvarás de soltura”. O erro foi detectado pelo Ministério Público e a direção da unidade penal foi avisada. Buscas por Hugleice foram feitas na casa da família dele, em Alto Taquari, mas ele não foi encontrado.
Assim que percebeu o engano, Rosa entrou em contato com o presídio e combinou a apresentação do cliente, que deve acontecer nesta tarde, na cidade mato-grossense. O próximo passo da defesa, segundo ele, será tentar derrubar a prisão preventiva ainda em vigor contra o cliente. “Vou apresentar para dar uma demonstração de boa vontade e vou pedir a revogação”.
Entenda - Hugleice estava preso desde dezembro de 2018, quando esfaqueou Mayara, após supostamente encontrar mensagens e imagens da mulher com outro homem. O crime aconteceu em Alto Taquari, no interior do Mato Grosso, para onde o réu se mudou com a mulher depois da repercussão da morte da cunhada. Ele foi capturado em Dourados e transferido para o presídio em Rondonópolis (MT).
Marielly Barbosa morreu após um aborto malsucedido em Sidrolândia. Na época, conforme apurado pela polícia, quem a levou para fazer o procedimento foi Hugleice. Ainda segundo a acusação, ele tinha um caso com a jovem e precisava acobertar a gravidez.