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Mato Grosso do Sul

"Líbano é um palco da guerra dos outros", diz cônsul que vive em MS

Eid Toufic Anbar, que chegou em Campo Grande em 1975, falou sobre a escalada do conflito no Oriente Médio.

Correio do Estado

02 de Outubro de 2024 - 15:32

"Líbano é um palco da guerra dos outros", diz cônsul que vive em MS
Conflito está concentrado nos países de Israel, Palestina, Irã e Líbano. Foto: Retirada da Internet

O conflito no Oriente Médio entre Israel, Hamas e Hezbollah tem atingido também pessoas que não tem ligação com os grupos considerados extremistas. Após atacar Gaza, Israel tem bombardeado o Líbano, onde haveria alguns membros desses grupos. Para o cônsul honorário do Líbano em Mato Grosso do Sul, Eid Toufic Anbar, essa guerra não tem ligação com seu país natal.

“Lá tem esse partido, que é o Hezbollah, que está lá no sul do Líbano através do Irã, financiado pelo Irã. O povo libanês e o governo libanês não tem nada a ver com essa história, simplesmente o Líbano é um palco da guerra dos outros. Tanto é que várias vezes Israel falou que não quer atacar o Líbano, ele quer atacar Hezbollah que está infiltrado lá”, declarou Anbar.

Ontem, o Irã assumiu autoria de mísseis disparados contra Tel-Aviv, em Israel. Segundo o governo daquele país, a ação seria uma retaliar após os ataques que mataram os principais líderes de seus aliados do Hezbollah no Líbano.

O disparo de mísseis de ontem ocorreu depois que tropas israelenses lançaram ataques terrestres no Líbano, na maior escalada da guerra regional desde o início dos combates em Gaza, há um ano.

Na sexta-feira o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, líder mais poderoso do Eixo de Resistência de Teerã contra os interesses de Israel e dos EUA no Oriente Médio, foi morto por Israel.

Isso ocorreu após duas semanas de intensos ataques aéreos que eliminaram vários comandantes do Hezbollah, mas também mataram cerca de 1.000 civis e forçaram um milhão de pessoas a deixar suas casas, de acordo com o governo libanês.

Apenas entre o domingo e a segunda-feira, pelo menos 95 pessoas foram mortas e 172 ficaram feridas em ataques israelenses nas regiões do sul do Líbano, no leste do Vale de Bekaa e em Beirute, segundo o Ministério da Saúde libanês.

“O Irã quer enfrentar Israel, então ele infiltrou esse partido lá no Líbano e, financiados pelo Irã, através da Síria. O Líbano é vítima desses ataques, o povo libanês é vítima”, declarou o cônsul honorário ao Correio do Estado.

IMIGRAÇÃO

De acordo com Anbar, que chegou ao Estado em 1975, não há um levantamento de quantos familiares de sul-mato-grossenses vivem na região e nem quantos libaneses e descendentes vivem em Mato Grosso do Sul.

No Brasil, estimam-se que existam 12 milhões de libaneses e descendentes, é o país que concentra o maior número de imigrantes desse país no mundo.
Ontem, o governo brasileiro inclusive manifestou “grave preocupação” com as operações militares terrestres das Forças Armadas de Israel em território do Líbano.

Em nota, o Palácio Itamaraty citou a violação ao direito internacional, à Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e a resoluções do Conselho de Segurança da entidade.

Os ataques israelenses contra alvos no Líbano fazem parte de um conflito que se estende desde os territórios palestinos de Gaza e da Cisjordânia ocupada por grupos apoiados pelo Irã no Iêmen e no Iraque.

A escalada aumentou os temores de que os Estados Unidos sejam arrastados para o conflito. Por causa da grande concentração de imigrantes, a União anunciou que um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) vai decolar da Base Aérea do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, rumo ao Líbano, hoje, para repatriar um primeiro grupo de brasileiros presos no país em decorrência da escalada de violência do governo de Israel no país.

Batizada de Operação Raízes do Cedro, a FAB utilizará uma aeronave KC-30, com a previsão inicial de repatriar 220 brasileiros que estão em solo libanês, a partir do aeroporto de Beirute.

CONFLITO

A guerra na região se intensidicou no ano passado, quando 2,7 mil pessoas ficaram feridas na mais letal incursão ao território israelense da história feita pelo Hamas.

Em retaliação, Israel bombardeou a cidade de Gaza e realizou incursões terrestres no território, sob a alegação de que buscava eliminar células do Hamas em toda a região.

“A organização internacional não tem conseguindo fazer nada, nenhum veto, infelizmente. Há uma realidade de ocupação de mais de 76 anos na região, com genocídio e limpeza étnica. Agora isso está acontecendo no Líbano. Muita violência por parte de Israel contra o povo palestino. Um massacre, com assassinatos e limpeza étnica é o que estamos presenciando e sofrendo”, afirmou Munther Safa, presidente da Sociedade Árabe Palestina Brasileira de Corumbá.

Por ser parceira do Hamas, o Hezbollah, que é financiado pelo Irã, também entrou na mira de Israel, que resultou na morte de Hassan Nasrallah, na semana passada.

EUA

Em entrevista ao Correio do Estado, o Cônsul-Geral dos Estados Unidos em São Paulo, Richard Glenn, disse que a paz na região depende dos dois lados, não só de Israel e que ele não se arrisca a dizer até quando a guerra pode durar (Colaborou Rodolfo César)