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Região

Com temperaturas acima de 30ºC, El Niño deixa inverno mais quente

Após cerca de 25 dias sem chuva, a previsão é de que chegue uma frente fria nesta quarta-feira ao Estado, com probabilidade de chuvas fracas.

Correio do Estado

11 de Julho de 2023 - 10:45

Com temperaturas acima de 30ºC, El Niño deixa inverno mais quente
ONU pede que governos antecipem as consequências do El Niño, que gera altas temperaturas - Foto: Marcelo Victor.

O inverno em Mato Grosso do Sul tem sido como os especialistas alertaram, com temperaturas acima do normal para o período. Um dos fatores que ocasionam as máximas acima de 30ºC é o El Niño, que, de acordo com os meteorologistas, possui padrões de temperaturas mais elevados em todo o mundo.

Em Campo Grande, nos primeiros dias de julho, as temperaturas registradas oscilaram durante o dia. De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec), na terça-feira (4), a ampliação térmica foi de 11,7ºC, com mínima de 16,4ºC, geralmente registrada nas primeiras horas da manhã, e máxima de 28,1ºC.

O fim de semana foi ainda mais quente na Capital, com temperaturas entre 17ºC e 30ºC no sábado. No domingo, o sol também esteve presente. Campo Grande registrou mínima de 21ºC e máxima de 29ºC.

O início desta semana segue o padrão dos últimos dias. Conforme o Cemtec, a previsão é de tempo estável, com sol e variação de nebulosidade, em virtude do tempo quente e seco. Ontem, a Capital teve mínima de 19ºC e máxima de 32ºC, já a região norte do Estado teve temperatura máxima de 35ºC.

Em Campo Grande e em boa parte de MS, o período de estiagem dura mais de 20 dias. Na Capital e em Três Lagoas, não chove desde o dia 15 de junho. O Cemtec alerta para os baixos índices de umidade do ar, que podem variar entre 25% e 45% durante a tarde, e recomenda que a população beba bastante líquido e evite exposição ao sol nos horários mais quentes e secos do dia.

De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, o inverno em Mato Grosso do Sul tende a ter temperaturas mais elevadas, que só registram quedas com a presença de massas de ar polares.

“Essas temperaturas elevadas são até normais, o que está diferenciando é a presença do evento El Niño”, diz Abrahão. O Cemtec prevê uma mudança no tempo até a noite desta quinta-feira, com a chegada de uma frente fria que traz possibilidades de chuvas fracas e moderadas.

O Centro de Monitoramento informa que são previstas temperaturas mínimas entre 7ºC e 9ºC e máximas de 23ºC na região sul de MS. No norte e nordeste do Estado, as temperaturas devem oscilar entre 13ºC e 28ºC. Em Campo Grande, a mínima deve ficar em 12ºC e a máxima em 24ºC.

O El Niño faz parte do fenômeno Enos, que se refere às mudanças na temperatura do Oceano Pacífico Equatorial. É considerado um fenômeno de aquecimento das águas superficiais do Pacífico, enquanto o La Niña, presente nos últimos anos, deixa as águas mais frias.

O fenômeno ocorre, em média, a cada dois ou sete anos, e os episódios geralmente duram de nove a 12 meses. O Cemtec alerta que o El Niño deve permanecer no Estado até março de 2024.

RECORDES DE CALOR 

As altas temperaturas também são registradas em países da América do Norte, Ásia e Europa. Segundo dados analisados por pesquisadores da Universidade do Maine (EUA), a temperatura média global registrada na quinta-feira (6) alcançou 17,23ºC, um recorde que foi batido pelo terceiro dia consecutivo da semana passada.

Os cientistas alertam que as temperaturas elevadas estão relacionadas às mudanças climáticas provocadas pelo homem, além do fenômeno El Niño.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres, afirmou que as temperaturas elevadas são uma demonstração de que as mudanças climáticas estão fora de controle. O último registro de recorde de temperatura global ocorreu em 2016, quando foram atingidos 16,92ºC.

ALERTA 

Além do aumento da temperatura global, estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam que as mudanças de temperatura podem aumentar de 5ºC a 6ºC em Mato Grosso do Sul nos próximos 80 anos, caso não haja redução de gases que causam o efeito estufa.

O Estado está entre duas sub-regiões, a Sudeste da América do Sul (NES) e a América do Sul Monções (SAM), que estão dentro do cenário de aumento da temperatura média. O relatório foi publicado em agosto de 2021 e alerta que, além do aumento da temperatura, MS também registraria uma redução de chuva acumulada anual de aproximadamente 15% na região norte.

O IPCC afirma que o aquecimento global já é uma realidade e que foi causado pelas ações humanas. Entre os impactos no clima mundial estão as maiores ocorrências de chuvas fortes, secas mais frequentes e severas, degelo recorde no Ártico e aumento do nível médio do mar.