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Região

Gaeco derruba esquema de vereadores e do ex-prefeito de Ribas do Rio Pardo

Ex-gestor Zé Cabelo chegou a ser preso, mas foi liberado; foram apreendidos R$ 88 mil com o vereador Tiago do Zico.

Correio do Estado

17 de Agosto de 2023 - 08:15

Gaeco derruba esquema de vereadores e do ex-prefeito de Ribas do Rio Pardo
Viatura do Gaeco parada em frente à casa do ex-prefeito Zé Cabelo, que aparece no detalhe - montagem.

Durante a Operação Tangentopoli, deflagrada ontem pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e da Promotoria de Justiça de Ribas do Rio Pardo, foi preso o ex-prefeito José Domingues Ramos (PSDB), o Zé Cabelo.

Além disso, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, foram apreendidos mais de R$ 88 mil em espécie com o vereador Tiago Gomes de Oliveira (PSDB), o Tiago do Zico, que já foi presidente da Câmara Municipal de Ribas do Rio Pardo.

Os vereadores Anderson Arry Januário Guimarães (PSDB) e Álvaro Andrade dos Santos (PSD), o Nego da Borracharia, também foram alvos dos mandados de busca e apreensão, assim como o ex-funcionário da Câmara Municipal Jefferson dos Santos Ataíde.

De acordo com o Gaeco, Zé Cabelo foi preso em flagrante e encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil da cidade durante o cumprimento de um dos oito mandados de busca e apreensão na sua residência, pois os policiais encontraram e apreenderam um revólver calibre 38 e 32 munições do mesmo calibre.

O ex-prefeito não tinha comprovação da compra das munições e nem registro da arma de fogo. Após prestar depoimento à Polícia Civil, Zé Cabelo foi liberado mediante pagamento de fiança no valor de R$ 7,5 mil. O ex-prefeito afirmou que tinha as munições em casa porque era policial civil.

A Operação Tangentopoli é fruto de investigações do Gaeco que revelaram a existência de uma associação criminosa formada por vereadores e pelo ex-prefeito de Ribas do Rio Pardo para a realização de crimes de corrupção e demais delitos correlatos. Conforme o Gaeco, alguns vereadores, dentro de uma estrutura criminosa já formada, às vezes se valendo de terceiros, solicitavam vantagens indevidas para montarem uma base partidária e aprovarem os projetos de interesse do então prefeito Zé Cabelo na Câmara de Ribas do Rio Pardo.

Inclusive, de acordo com o MPMS, para votarem pelo arquivamento de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) instauradas para apurar eventuais crimes de responsabilidade do então gestor municipal.

No decorrer das investigações, também foram detectados vários ilícitos eleitorais, que serão apurados pelo MPMS. Ainda durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, o Gaeco encontrou e apreendeu mais de R$ 88 mil com um dos vereadores investigados.

NOTAS OFICIAIS

Por meio de notas oficiais, a Câmara e a prefeitura de Ribas do Rio Pardo se manifestaram sobre a operação do MPMS. A Casa de Leis informou que, aproximadamente às 6h de ontem, o Gaeco realizou uma operação de busca e apreensão de documentos nos gabinetes particulares de alguns vereadores.

“Tomamos conhecimento do ocorrido apenas quando a operação já estava em andamento. A Câmara Municipal foi colaborativa, os funcionários internos e os vereadores ficaram à disposição dos policiais e tudo foi feito de forma muito amigável e pacífica”, trouxe trecho da nota.

Ainda conforme a nota da Casa de Leis de Ribas do Rio Pardo, o Legislativo municipal reforçou “o prestígio ao Ministério Público e concordamos com seu poder investigativo, desde que respeitada a ordem democrática e os direitos individuais”.

Já o atual prefeito João Alfredo Danieze (Psol) esclareceu, por meio da nota, que não houve nenhuma busca e apreensão no Paço Municipal, em sua residência ou na de qualquer secretário municipal.

“Figuro como vítima. Envolve, sob fatos do meu conhecimento pessoal, duas autoridades locais que tentaram obter vantagens quando do início do meu mandato, uma delas já denunciada por corrupção passiva e outros crimes”, disse.

O prefeito de Ribas do Rio Pado prossegue lamentando que a cidade sofra “dado o nome desta operação, quando várias outras autoridades, inclusive da Câmara Municipal, são dignas de credibilidade e seriedade”.

SAIBA

A Operação Tangentopoli leva este nome por fazer alusão ao escândalo de corrupção em Milão, na Itália, que ganhou denominação na mídia italiana de tangentopoli, que, traduzindo para o português, seria “cidade das propinas”, pois é a combinação das palavras italianas “tangente”, que significa propina em português, e “poli”, que significa cidade.